A obesidade infantil é um problema de saúde pública por trazer risco de diversas doenças tanto na infância, quanto na vida adulta. Sendo assim, estudos que mostram maneiras de identificar riscos de obesidade infantil e maneiras de preveni-la são de suma importância nos dias atuais.
Análise recente sobre ultraprocessados
Em agosto de 2022 foi publicado um artigo com o resultado de três estudos prospectivos de coorte no The BMJ, com o objetivo de avaliar se a ingestão materna de alimentos ultraprocessados durante a perigestação, gestação e período de criação dos filhos está associada ao risco de sobrepeso ou obesidade da prole na infância e adolescência.
Foram selecionados pelos pesquisadores, 19.958 pares mãe-filho (45% meninos, com idades entre 7-17 anos no início do estudo) com uma mediana de acompanhamento de 4 anos (intervalo interquartil 2-5 anos) até os 18 anos ou o início do sobrepeso ou obesidade, incluindo um subamostra de 2.925 pares mãe-filho com informações sobre a dieta perigestacional.
Os resultados encontrados pelos autores foram os seguintes: 2.471 (12,4%) descendentes desenvolveram sobrepeso ou obesidade na coorte analítica completa. Após ajuste para fatores de risco maternos estabelecidos e ingestão de alimentos ultraprocessados da prole, atividade física e tempo sedentário, o consumo materno de alimentos ultraprocessados durante o período de criação dos filhos foi associado ao sobrepeso ou obesidade na prole, com risco 26% maior em o grupo com maior consumo materno de alimentos ultraprocessados versus o grupo de menor consumo. Na subamostra com informações sobre dieta perigestacional, embora as taxas fossem maiores, a ingestão de alimentos ultraprocessados na perigestação não foi significativamente associada a um risco aumentado de sobrepeso ou obesidade na prole. Essas associações não foram modificadas por idade, sexo, peso ao nascer e idade gestacional da prole ou peso corporal materno.
Saiba mais: Consequências da obesidade na gestação
Achados e conclusão
De acordo com os autores, o consumo materno de alimentos ultraprocessados durante o período de criação dos filhos foi associado a um risco aumentado de sobrepeso ou obesidade na prole, independente dos fatores de risco do estilo de vida materno e da prole. Contudo, mais estudos são necessários para confirmar os achados descritos pelos pesquisadores e entender os mecanismos biológicos subjacentes e os determinantes ambientais. Porém, esses dados já são importantes para apoiar a importância de refinar as recomendações dietéticas e o desenvolvimento de programas para melhorar a nutrição de mulheres em idade reprodutiva com o objetivo de promover a saúde da prole.
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