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Ginecologia e Obstetrícia22 setembro 2025

Congresso Brasileiro PTGI - Vacina para HPV 

Entre os temas discutidos estão os calendários vacinais diferentes no Brasil, diminuição das doses da vacina HPV e mais!
Por Caroline Oliveira

Foi realizado entre os dias 18 e 20 de setembro/2025, em Goiânia/GO, o Congresso Brasileiro de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia. A Dra. Caroline Oliveira, editora chefe de GO dos produtos digitais da Afya e professora de ginecologia da Universidade Federal Fluminense-RJ, acompanhou o evento e destacou os principais tópicos discutidos apresentados. 

Mesa Redonda – Vacina HPV 

Foi realizada uma Mesa Redonda sobre a Vacina para HPV, coordenada pela professora Susana Aidé, da Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). A Dra. Yara Furtado, professora de ginecologia da UFRJ e UNIRIO, palestrou sobre os calendários vacinais diferentes no Brasil. 

No SUS, pessoas de 9 a 19 anos estão sendo contempladas com uma dose única. Outros grupos também foram incluídos como pessoas em situações de imunossupressão, vítimas de violência sexual e usuários de medicação de profilaxia pré exposição ao HIV, além de portadores de papilomatose respiratória recorrente. 

A Organização Mundial da Saúde preconiza dose única de 9 a 20 anos numa tentativa de reduzir custos e atingir maior número de pessoas. 

No entanto, a Sociedade Brasileira de Imunizações e a Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior recomendam a realização de 2 doses até 19/20 anos até que maiores estudos nacionais comprovem eficácia a longo prazo em nossa população. 

O Dr. Valentino Magno, professor adjunto da UFRGS, palestrou sobre a diminuição das doses da vacina HPV. 

Em 2024, o Brasil publicou nota técnica com a redução da dose da vacina HPV para 1 dose de 9 a 19 anos em consonância com a estratégia da OMS e outros países para aumentar a cobertura, reduzir custos e baseados em estudos que mostraram alta imunogenecidade e eficácia nessa faixa etária para reduzir infecção persistente e incidência de lesões cervicais em cenários de alta cobertura vacinal. 

As vantagens seriam simplificar a administração, aumentar a cobertura vacinal, reduzir custo e logistica, acelerar as metas de eliminação do câncer do colo do útero. 

As desvantagens relatadas são a falta de informação a longo prazo sobre eficácia sustentada, uso em homens e outros grupos, eficácia para outros desfechos e possível dificuldades para reconvocação. 

O professor reforçou que a redução das doses deve ser acompanhada de alta cobertura vacinal e de rastreio. 

A Dra. Cecília Roteli, de São Paulo, falou sobre o uso da vacina em vítimas de violência sexual. 

O Brasil ocupa o 2º lugar no ranking de exploração sexual. Cerca de 500mil crianças e adolescentes são vítimas por ano. A maioria são meninas, negras e da região Nordeste. A subnotificação é um desafio significativo. 

Em 2022, a OMS se posicionou colocando a população vítima de violência sexual como prioridade para vacinação. No Brasil, desde agosto de 2023, esse grupo também foi contemplado. Cerca de 80% dos casos de violência vão ocorrer na faixa etária de cobertura vacinal.  

Para essa população, entre 9 e 14 anos, seriam aplicadas duas doses e entre 15-45 anos sao 3 doses.  

A Dra. Cecília ainda reforçou que os profissionais podem encaminhar essas pessoas para vacinação com um encaminhamento descrevendo o CID 10 – T742 para que seja realizado o esquema completo. 

A Dra. Juliana Caixeta, otorrinolaringologista de Goiânia, falou sobre o uso da vacina em portadores de papilomatose respiratória recorrente. 

A papilomatose respiratória é o acometimento das vias aéreas por lesões por HPV e 90% dos casos são causados pelos tipos 6 e 11. A forma juvenil (até os 12 anos) é a mais comum e com maior gravidade. A principal via de transmissão é a vertical. A forma adulta geralmente é limitada a glote, seu pico entre 20 e 40 anos e geralmente é de transmissão sexual. 

O quadro clínico se caracteriza por disfonia, tosse, falta de ar, estridor que pode confundir com outras causas comuns na infância. A nasofibroscopia é um exame simples que pode auxiliar no diagnóstico.  

A vacinação contra o HPV para as mulheres é um ponto crucial para redução das papilomatoses laríngeas juvenis. E a vacina das crianças mostrou maior tempo livre de doença em alguns estudos. Assim, desde abril de 2024, crianças a partir de 2 anos com esse diagnóstico podem ser vacinadas com 3 doses. 

Mensagem final 

Várias estratégias têm sido implementadas para ampliação da vacina HPV em nossa população para atingirmos o grande objetivo de eliminação do câncer de colo uterino além de beneficiar outros grupos vulneráveis. 

 

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