Está sendo realizado até o dia 20 de setembro, em Goiânia/GO, o Congresso Brasileiro de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia. A Dra. Caroline Oliveira, editora chefe de GO dos produtos digitais da Afya e professora de ginecologia da Universidade Federal Fluminense-RJ, traz os principais tópicos discutidos no evento.
Estudos sobre biópsias
A Dra. Isabella Paolilo do Distrito Federal palestrou sobre as biópsias. A mesma lembrou que o estudo histopatológico é o padrão ouro para o diagnóstico das lesões pré-invasivas e invasivas detectadas no exame colposcópico, citológico ou clínico.
A biópsia tem um papel diagnóstico (biópsia incisional), para classificação da lesão (baixo ou alto grau), terapêutica (excisão completa) e prognóstica (marcadores moleculares, grau de diferenciação tumoral).
O espécime ideal deve ter em torno de 5mm de extensão e 3-4mm de profundidade sem artefatos térmicos.
Segundo alguns estudos, biópsias múltiplas aumentam a acurácia diagnóstica.
Curetagem endocervical x citologia endocervical
A Dra. Wanuzia Miranda, citopatologista do Estado da Paraíba, falou sobre curetagem endocervical x citologia endocervical.
As indicações de avaliação do canal endocervical principais são testes de triagem de alto risco (citologias com suspeita de lesão intraepitelial escamosa de alto grau, atipias glandulares, teste de HPV 16/18 detectados) com a junção escamo colunar não visualizada.
Algumas considerações importantes para a escolha devem ser levantadas. A curetagem é dolorosa, de difícil execução e com maior chance de artefatos. O escovado apresenta menos desconforto, é de fácil execução, tem menos artefatos. Ambos são operador dependente e permitem uso de marcadores moleculares.
Precisamos de melhores estudos para analisar qual o teste com o melhor grau de concordância quando comparado com o diagnóstico final pela histopatologia.
Dessa forma, a Sociedade Americana de Patologia Cervical e Colposcopia apoia a obtenção de amostras endocervicais por ambos os métodos.
Tipos de excisão da zona de transformação (EZT) do colo uterino
A Dra. Maria Carolina Pessoa, ginecologista e colposcopista do Estado de Pernambuco, falou sobre os tipos de excisão da zona de transformação (EZT) do colo uterino.
A escolha do tipo de EZT depende da avaliação colposcópica do tipo de zona de transformação (ZT).
A ZT tipo 1 é completamente ectocervical e visível. Neste caso, indicamos a EZT tipo 1 (atinge 1 cm de profundidade).
A ZT tipo 2 é completamente visível mas com um componente endocervical. Assim, indicamos a EZT tipo 2 (atinge 1.5-2cm de profundidade).
A ZT tipo 3 apresenta um componente endocervical não visível, sendo necessária a EZT tipo 3 chegando a 2-2.5cm de profundidade.
Deve-se evitar a fragmentação da peça e controlar a potência adequada do aparelho gerador de energia para evitar danos térmicos.
O Dr. Manoel Afonso, professor titular de ginecologia da Faculdade de Medicina da PUC do Rio Grande do Sul, falou sobre o cone clássico do colo uterino.
A conização clássica ou a frio pode ser a primeira escolha em algumas situações de maior risco de suspeita de invasão e doença glandular (adenocarcinoma in situ), especialmente em mulheres com junção escamocolunar não visível, mais velhas e fora da faixa reprodutiva.
Lembrar que o impacto obstétrico pode ser maior em relação aos tratamentos eletrocirúrgicos. O risco de parto prematuro aumenta com o volume do colo excisado e com a profundidade do cone.
Mensagem final
Os procedimentos diagnósticos e terapêuticos no trato genital inferior merecem treinamento adequado e indicações precisas para correta análise histopatológica e minimização dos riscos reprodutivos
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