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Obesidade é uma condição médica definida como índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30 (calculado dividindo-se o peso, em quilogramas, pela altura ao quadrado, em metros), cuja prevalência tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Além do grande estigma social, está associada a aumento da morbimortalidade e dos custos em assistência à saúde.
O ACOG lançou uma publicação em janeiro de 2019 que aborda aspectos éticos da assistência prestada à paciente com obesidade, de modo a melhorar a qualidade do atendimento e a relação médico-paciente. O documento reforça a importância de se reconhecer a obesidade como uma condição médica, que deve ser tratada como tal. Ginecologistas e obstetras devem abordar os riscos a ela associados, pactuando estratégias e metas concretas para melhoria da saúde da paciente.
A paciente deve estar ciente das principais complicações, como maior incidência de diabetes, hipertensão, dislipidemia, acidente vascular encefálico e complicações cirúrgicas como infecção de ferida operatória e tromboembolismo. Na gestação, a obesidade está associada a aumento do risco de perda gestacional precoce, prematuridade, óbito fetal intra-útero, macrossomia, baixo peso ao nascer, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e aumento da taxa de cesariana.
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Durante as consultas, a abordagem do peso não deve ser um tabu. Uma estratégia possível é perguntar à paciente como ela gostaria que esse assunto fosse tratado e como ela se sente em relação ao seu peso. Devem ser abordados e incentivados hábitos de vida saudáveis como atividade física e nutrição e devem ser pesquisados distúrbios alimentares. Além disso, podem ser necessárias adaptações para possibilitar o exame físico, como mesa ginecológica de tamanho adequado e espéculos maiores, por exemplo.
Uma consideração importante é sobre o possível viés do médico assistente ao atender uma paciente com obesidade. Alguns estudos apontam que os médicos podem demonstrar menos engajamento no tratamento e criar menos vínculos com pacientes obesas, o que pode ter sérias repercussões. Esse viés pode, por exemplo, significar atraso no diagnóstico ou tratamento de doenças por atribuir os sintomas experimentados pela paciente simplesmente à obesidade.
Por esse mesmo motivo, as pacientes com obesidade podem evitar ou demorar a buscar atendimento com base em experiências desagradáveis. Isso pode trazer prejuízos importantes à condição de saúde de uma maneira geral ou acelerar a progressão de doenças por demora para iniciar tratamento adequado.
Em relação ao tipo de serviço prestado, é antiético recusar a paciente baseando-se apenas em um ponto de corte arbitrário de IMC. A obesidade, por si só, não costuma ser motivo para referenciar a paciente para acompanhamento ginecológico ou mesmo obstétrico de rotina para serviço especializado, salvo se falta de treinamento especializado ou de recursos institucionais.
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