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Ginecologia e Obstetrícia9 setembro 2022

Combinação da avaliação doppler e líquido amniótico para predição de RCIU

Um artigo analisou a relação entre o líquido amniótico e o doppler fetal para predizer desfechos perinatais desfavoráveis em fetos restritos. 

Restrição de crescimento fetal ou intrauterina (RCIU) é uma das intercorrências obstétricas mais comuns durante a gestação. E está associada a uma mortalidade fetal que pode atingir 50%. O grande desafio no manejo desses casos é definir o momento apropriado da resolução da gestação, balanceando os riscos da prematuridade e do óbito fetal. 

A etiologia da RCIU é diversa, desde fatores maternos e fetais; entretanto, a via final comum é a insuficiência placentária. A análise dessa insuficiência placentária e o consequente bem-estar fetal é feito através do estudo doppler, com algumas aferições mais comuns: o índice de pulsatilidade (IP) da artéria uterina, cerebral média (IPACM) e umbilical (IPAUMB), além do índice cérebro-placentário (CPR). 

Além do doppler, uma outra avaliação ultrassonográfica do bem-estar fetal é o volume do líquido amniótico, avaliado tanto pela medida do maior bolsão (MB) quando pelo índice do líquido amniótico (ILA). 

O artigo aqui descrito foi publicado recentemente no International Journal of Gynecology and Obstetrics e analisou uma relação entre o líquido amniótico e o doppler fetal para predizer desfechos perinatais desfavoráveis em fetos restritos. 

O índice analisado pelos autores foi a combinação da medida do maior bolsão com a relação do doppler da artéria umbilical com a artéria cerebral, sendo nomeado amniotic-umbilical-to-cerebral ratio (AUCR). Esse índice foi calculado como a divisão do maior bolsão pela relação IPAUMB/IPACM (UCR). 

A ansiedade perinatal na pandemia

O estudo 

Trata-se de um estudo de coorte prospectivo, desenvolvido em um centro terciário na Turquia. Os sujeitos da pesquisa foram compostos por gestantes de 18 a 40 anos, internadas no centro de estudo, com diagnóstico de RCIU após 37 semanas. Foi considerado RCIU o feto com peso fetal estimado < p10%. 

Os desfechos perinatais desfavoráveis foram o pH do cordão umbilical <7,1, índice de Apgar no 5º minuto <7 e admissão em unidade de cuidados intensivos (UCI). 

Métodos 

Foram analisadas 100 mulheres de 2020 a 2021. Foram divididas em dois grupos de acordo com a presença ou ausência de um desfecho adverso perinatal. O grupo controle possuía 83 mulheres, enquanto o grupo estudo 17. 

Resultados 

O IPAUMB e o índice UCR eram significativamente maiores no grupo estudo (1,18 ± 0,4 vs. 0,91 ± 0,19 e 1,1 ± 0,34 vs. 0,72 ± 0,31, p = 0,015 e p = < 0,001), enquanto o MB, CPR e AUCR eram significativamente menores (3,1 ± 1,1 vs. 4,0± 1,3, 1,4 ± 0,6 vs.  4,5 ± 2,8 e 3,0 ± 1,1 vs. 7,1 ± 3,9, p = 0,018, p = 0,002, e p = < 0,001). 

Além dessa comparação, foram construídas curvas ROC para cada índice doppler e o índice com maior área sob a curva foi o AUCR (0,882).

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Mensagem prática

Diante de tais achados, os autores sugerem que o índice AUCR (relação do maior bolsão com o doppler da artéria umbilical/cerebral) é o índice ultrassonográfico dentre os estudados que mais esteve associado aos desfechos perinatais adversos, sendo o melhor preditor entre eles.

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Referências bibliográficas

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