Estudo publicado recentemente no European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology teve como objetivo avaliar os desfechos obstétricos em mulheres submetidas a cerclagem eletiva versus aquelas acompanhadas com vigilância ultrassonográfica, após um parto prematuro prévio (parto prematuro espontâneo/perda no segundo trimestre).
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O estudo foi desenvolvido por um grupo de cientistas ingleses. Na Inglaterra, a orientação do RCOG é que a cerclagem deveria ser oferecida para mulheres com comprimento cervical < 25 mm ao ultrassom e com passado de um ou mais partos prematuros espontâneos e/ou perdas no segundo trimestre e para mulheres que tiveram três eventos prematuros ou perdas no segundo trimestre, independente do comprimento cervical.
Metodologia
Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo realizado no Hospital St Thomas, em Londres, Reino Unido. Foram analisados dados de mulheres atendidas entre 1º de novembro de 2012 e 1º de agosto de 2022. As gestantes elegíveis para inclusão apresentavam histórico de prematuridade e estavam gestantes de um único filho. Foram excluídas mulheres que receberam cerclagem transabdominal, progesterona ou pessário, tinha um feto com anomalia congênita conhecida, apresentava sangramento vaginal ou ruptura de membranas amnióticas.
As mulheres foram separadas entre aquelas que realizaram cerclagem eletiva e aquelas que realizaram vigilância ultrassonográfica. Foram analisados dados referentes a diferenças demográficas, fatores de risco e resultados de nascimento prematuro. Também foram analisadas as mulheres que necessitaram de cerclagem indicada por ultrassom, após a vigilância ultrassonográfica e encurtamento cervical detectado.
Resultados
Foram atendidas 1.143 mulheres que tinham histórico de um evento prematuro prévio durante o período do estudo. Destas, 1.077 mulheres tiveram vigilância ultrassonográfica e 123 mulheres foram submetidas a cerclagem indicada por ultrassom devido ao encurtamento cervical, o que equivale a 11,4% das mulheres. Sessenta e seis mulheres fizeram cerclagem eletiva.
A idade gestacional média do parto foi semelhante entre as mulheres que receberam tratamento eletivo (cerclagem) e aquelas que tiveram vigilância ultrassonográfica com e sem cerclagem indicada por ultrassom (38+1 vs. 37+1), no entanto, as taxas de nascimentos prematuros < 37 semanas foram duas vezes mais altas neste grupo de ultrassom (OR 2,3 [1,1–4,5], p = 0,02). Nas mulheres que necessitam de cerclagem indicada por ultrassom, 50,4% tiveram parto prematuro.
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Conclusão
Em conclusão, este estudo mostra que em mulheres com um evento prematuro prévio, tanto a cerclagem eletiva quanto a vigilância ultrassonográfica são opções de manejo adequadas. A maioria das mulheres submetidas a vigilância ultrassonográfica não tiveram indicação de cerclagem e, portanto, evitou as possíveis complicações perioperatórias. No entanto, aquelas que necessitaram de cerclagem indicada por ultrassom apresentavam alto risco de parto prematuro.
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