Fechando a manhã do dia 15 de maio, no 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO 2025), foi apresentada a mesa sobre Update em transmissão vertical das doenças infecciosas.
O Dr. Regis Kreitchmann, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, falou sobre a transmissão vertical do HIV.
Felizmente a transmissão vertical se mantém abaixo de 2%. Foram lembradas as indicações do uso da medicação de profilaxia pré exposição ao HIV, incluindo as gestantes que apresentam risco aumentado de adquirir HIV.
A literatura mostra que as falhas geralmente têm relação com baixa adesão ou uso inadequado das medicações.
Transmissão vertical das hepatites virais
A Dra. Patricia Pereira, professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da USP, falou sobre o risco de transmissão vertical das hepatites virais.
A hepatite B acomete 5% da população mundial e 10% estão em idade fértil. A taxa de transmissão vertical é maior nos 2º e 3º trimestres.
A triagem universal é recomendada no pré-natal de acordo com as diversas sociedades médicas mundiais, dosando o HBSAg. Repetir este exame no 3º trimestre. Se a paciente for portadora crônica, deve-se investigar e vacinar os contactantes.
A palestrante também lembrou que a amamentação é liberada para mães com hepatite B mesmo em uso de tenofovir.
Estudo sobre Sífilis
O Dr. Geraldo Duarte, professor titular de Medicina da Faculdade de Ribeirão Preto/USP, palestrou sobre a sífilis, doença que em cerca de 80% dos casos haverá transmissão vertical. Lembrou da lei 228/2007 sobre o dia Nacional de Combate à Sífilis que é o 3º sábado de outubro e, apesar disso e outros esforços, a prevalência da sífilis vem aumentando em todo o mundo.
Dada a alta prevalência e longo período de latência, o rastreio deve ser baseado na combinação de testes treponêmicos e não treponêmicos.
O tratamento dos parceiros é fundamental, assim como o controle após o tratamento que continua sendo com a Penicilina Benzatina como a droga de escolha.
Dengue Vs abortamentos, prematuridade, morte fetal e dengue neonatal
A Dra. Ana Gabriela Alvares, professora da universidade do Estado da Bahia, palestrou sobre a dengue. A médica enfatizou a possibilidade da infecção pela doença poder causar abortamentos, prematuridade, morte fetal, além de dengue neonatal.
A professora também destacou que o simples fato da mulher ser gestante leva a paciente a uma classificação de risco para o grupo B. Procurar sinais de alarme como hipotensão postural, lipotimia, dor abdominal, plaquetopenia, aumento progressivo do hematócrito, pois o choque é de rápida instalação podendo levar ao óbito em 12-24h. Logo a hidratação precoce é fundamental.
Além disso, como prevenção, não devemos esquecer do uso de repelentes para gestantes, pois ainda não dispomos de vacina para gestantes.
Atualizações sobre Herpes Genital
Fechando a mesa, a Dra. Patricia Pereira fala sobre o herpes genital.
O risco de transmissão vertical é maior na infecção primária sintomática e pode ocorrer excreção viral mesmo na ausência de lesões.
Existem algumas indicações de cesariana para evitar a transmissão como a primoinfecção no 3º trimestre ou se parto antes de 6semanas e episódio antes de 28 semanas.
A dose supressiva de aciclovir é indicada a partir de 36 semanas nos casos com episódios recorrentes de acordo com protocolos mundiais.
Todos os palestrantes reforçaram a importância de um pré-natal de qualidade com profissionais qualificados e a necessidade da presença dos parceiros para melhor controle das infecções com risco de transmissão vertical.
O 62° Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO) acontece entre os dias 14 e 17 de maio, no Rio de Janeiro. Acompanhe a cobertura completa do CBGO 2025 aqui no portal Afya.
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