A mesa de rastreios de IST, apresentada durante o 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO 2025), trouxe importantes highlights sobre o diagnóstico e tratamento de sífilis, micoplasma, clamídia e gonococo.
Sífilis
A Prof. Dra. Ana Gabriela A. Travassos, professora adjunta da Universidade da Bahia (UNEB), abordou a questão da sífilis reforçando que esse exame precisa fazer parte da consulta ginecológica, ressaltando o rastreio especialmente em pessoas que fazem o diagnóstico de alguma IST no momento do diagnóstico, e repetir o exame em 4 a 6 semanas; pessoas que realizam pratica anal receptiva, semestralmente; e adolescente e jovens, anualmente. Reforçou a importância de se associar a presença da fase de sífilis ao tratamento e o cuidado de tratar a parceria.
Micoplasma
Em relação ao rastreio do micoplasma, a discussão foi conduzida pelo Prof. Dr. Regis Kreitchmann, professor da Universidade Federal de Ciência da Saúde de Porto Alegre. Clinicamente, a infecção se apresenta como cervicite ou sintomas de uretrite. Não há evidências de associação dessa infecção com infertilidade, complicações da gestação, proctite, faringite e orquite. O M. genitalium tem alta taxa de resistência aos antibióticos (resistência a macrolídios a 50%) e pode apresentar prevalência de 4% a nível população e 40% em clínicas especializadas. O diagnóstico se baseia em testes moleculares (NAAT). Atualmente, não se recomenda seu rastreio em pacientes assintomáticos.
Tratamento: doxiciclina 100 mg de 12/12h dias ou moxifloxacina 400 mg/d por 7 dias. Em gestante usar Azitromicina 1g, seguida por 500 mg nos dias 2, 3 e 4. Não se deve fazer teste de rotina, se houve necessidade, realizar 3 semanas após o tratamento. Em relação aos parceiros, investiga-se somente se sintomáticos ou frente ao diagnóstico da parceria . A oferta de tratamento é idêntica a da paciente, se positivo.
Rastreio e interpretação de exame
E por fim, o Prof. Dr. Newton Sergio de Carvalho, professor titular da Universidade Federal do Paraná, discutiu como e quando devemos fazer o rastreio, como interpretar o resultado do exame e o que fazer com o parceiro. Na maioria das vezes, o gonococo é sintomático, o que reforça a necessidade de se investigar sobretudo a clamídia em pacientes oligo ou assintomáticos. Segundo o MS, adolescentes e gestantes < 30 anos deveriam ser rastreadas, assim paciente com outras doenças como corrimento genital (parceiro< 3 meses, <3 parceiros ao ano, parceiro sintomático ou com associação a outras ISTs). Segundo a USPS Task Force, recomendasse o rastreio universal abaixo dos 25 anos, ou acima dos 25 se fator de risco (GRADE B). O rastreios deve ser realizado através da NAAT. Sendo a autocoleta uma possibilidade.
Em relação à investigação e tratamento da parceria, o Ministério da Saúde recomenda que a comunicação por correspondência e busca ativa (caso não haja resposta do contactante em até 15 dias) para todas as ISTs. O ponto do tratamento da parceria bate frente a confidenciabilidade e não deve acontecer de maneira coerciva. O CDC recomenda o tratamento estendido ao parceiro, o que no Brasil não possui garantia. As divergências são muitas em relação a essa questão devido a dificuldade de convocar e tratar a parceria.
O 62° Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO) acontece entre os dias 14 e 17 de maio, no Rio de Janeiro. Acompanhe a cobertura completa do CBGO 2025 aqui no portal Afya.
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