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Ginecologia e Obstetrícia2 dezembro 2025

Caso Clínico - Ressecamento e corrimento vaginal

Paciente, sexo feminino, 52 anos, apresenta queixa de ressecamento e corrimento vaginal amarelado há mais de um ano. Confira o caso clínico!

Paciente, sexo feminino, 52 anos, apresenta queixa de ressecamento e corrimento vaginal amarelado há mais de um ano. Fez uso de diversas pomadas ginecológicas e metronidazol via oral sem melhora do quadro. A paciente refere também dispareunia e ardor na região genital.  

Menarca aos 12 anos. Sexarca aos 23 anos. G3 PC3. Menopausa há 1 ano e meio. História de condilomas genitais – tratamento há 6 meses.  

É portadora de hipertensão arterial sistêmica em uso contínuo de Anlodipino. Faz uso também de Oestrogel 1 aplicação diária, Utrogestan via oral 100mg/dia e promestrieno creme vaginal 3xsemana. Nega alergias ou tabagismo.  

consulta ginecológica

Exame físico: 

Sinais vitais sem alterações. Bom estado geral. Cavidade oral sem lesões. 

Exame ginecológico: 

  • Vulva: sem lesões evidentes. Observa-se saída de corrimento amarelo abundante pelo intróito vaginal. 
  • Exame especular: mucosa vaginal hiperemiada, conteúdo amarelo purulento abundante. Colo uterino de aspecto normal.  
  • Toque vaginal bimanual sem alterações.  

Exames complementares: 

  • Colpocitologia oncótica e PCR HPV de alto risco, Chlamydia e Neisseria: negativos. 
  • Teste rápido para HIV, hepatites e sífilis negativos. 
  • Hemograma, glicemia, lipidograma, hepatograma sem alterações. 
  • Microscopia a fresco do conteúdo vaginal: predomínio de células intermediárias e algumas parabasais, predomínio de cocos (grau lactobacilar III), grande quantidade de polimorfonucleares, não observados outros microorganismos. 
  • Bacterioscopia com coloração de GRAM: predomínio de cocos GRAM + isolados e aos pares. 

Qual diagnóstico e conduta? 

  • Vaginite inflamatória descamativa. 

A vaginite inflamatória descamativa é uma condição rara cuja prevalência é desconhecida. Existe um predomínio de bactérias aeróbicas, redução de lactobacilos, geralmente frente a uma situação de hipoestrogenismo gerando uma intensa resposta inflamatória local pelo desequilíbrio imune. A resposta inflamatória é mais intensa do que na vaginite atrófica. Podem ocorrer também no pós-parto e com uso de contraceptivo hormonal (ACO) de baixa dosagem. É um diagnóstico de exclusão (excluir tricomoníase, Streptococcus grupo A, Candida, líquen plano erosivo, pênfigo, vaginite atrófica). 

Pode cursar com dor, ardor, dispareunia, corrimento amarelo purulento, petéquias, hiperemia vaginal, pH alcalino, teste das aminas negativo.  

A microscopia a fresco é descrita como o padrão ouro para o diagnóstico através da avaliação de alguns parâmetros. A bacterioscopia pelo Gram com evidenciação do predomínio de cocos Gram + ajuda como possível ferramenta diagnóstica. 

O tratamento pode ser feito com o uso de clindamicina 2% vaginal seguido do corticóide local quando há importante processo inflamatório. O uso de fluconazol semanal pode ser recomendado pois 25% dos casos tendem a cursar com candidíase após início deste tratamento.  

No caso mencionado foi prescrito clindamicina 2% vaginal por 21 dias seguidos + estradiol comprimidos vaginais 3xsemana + Fluconazol 150mg 1 comprimido semanal com melhora do quadro. Foi sugerido esquema de manutenção da clindamicina 2% vaginal 2xsemana por 2 meses.  

A paciente evoluiu bem, com melhora completa dos sintomas. 

Autoria

Foto de Caroline Oliveira

Caroline Oliveira

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