O diabetes mellitus gestacional (DMG) é o distúrbio metabólico mais comum da gravidez, com prevalência variando de 0,6 a 15%. É caracterizado por hiperglicemia causando morbidade significativa tanto para a mãe quanto para a criança. Pesquisas indicam que o DMG pode estar ligado a um aumento da incidência de infecções, como infecções vaginais, infecções do trato urinário e corioamnionite.
Devido à sua associação com um mau controle metabólico, maior índice de massa corporal, comprometimento da função leucocitária e uma alteração no pH vaginal, essas pesquisas sugerem que o diabetes mellitus gestacional está ligado a distúrbios na flora vaginal e infecções vaginais. E essas infecções durante a gravidez estão intimamente associadas a resultados adversos na gravidez, como ruptura prematura de membranas, infecção puerperal, parto prematuro, infecções intrauterinas, natimorto e danos neurológicos ao feto.
Leia também: Aspirina e hipertensão arterial na gravidez
Assim, uma melhor compreensão da interconexão entre diabetes mellitus gestacional e infecções, incluindo mecanismos e possíveis resultados, poderiam potencialmente levar a melhores recomendações, testes de triagem e regimes de tratamento mais precisos.
Metodologia
Trata-se de uma revisão sistemática e metanálise, cujo desfecho primário foi a taxa de infecções durante a gravidez. Os resultados secundários foram a taxa de infecções individuais, como vaginose bacteriana, candídiase vaginal, infecções do trato urinário e gengivite. Um odds ratio (OR) agrupado com intervalo de confiança (IC) de 95% foi calculado para os resultados do estudo. Foram também realizadas subanálises, nas quais examinaram a associação entre diabetes mellitus gestacional, tipo de patógeno (bacteriano, viral e fungo) e os critérios diagnósticos de diabetes mellitus gestacional.
Saiba mais: Exercício de alta intensidade durante a gravidez
Principais resultados
Foram selecionados para análise 16 estudos publicados entre 1999 e 2022, com 111.649 mulheres no grupo diabetes mellitus gestacional e 1.429.659 no grupo controle.
Os resultados mostraram associação significativa entre DMG e infecções (OR 1,3 IC 95% [1,2–1,5]). As subanálises mostraram uma significativa associação para infecções do trato urinário (OR 1,2 IC 95% [1,1–1,3]), infecções bacterianas (OR 1,2 IC 95% [1,1–1,4]) e SARS-CoV-2 (OR 1,5 IC 95% [1,2–2,0]), mas não para gengivite ou candidíase vaginal.
Conclusões
Esta revisão sistemática e meta-análise de 16 estudos envolvendo mais de 1,5 milhões de mulheres demonstrou associação significativa entre DMG e infecções, particularmente infecções do trato urinário, infecções bacterianas, e infecção por SARS-CoV-2. Os resultados ressaltam a importância de reconhecer o DMG como fator de risco para infecções.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.