Um grupo de cientistas americanos, publicaram recentemente no American Journal of Obstetrics and Gynecology, um artigo, cujo objetivo foi avaliar a associação entre a profilaxia intraparto com antibiótico para estreptococos do grupo B (EGB) e corioamnionite clínica na indução do trabalho de parto.
A colonização perineal (reto e vagina) pelo EGB durante a gravidez tem sido historicamente associada com o aumento do risco de corioamnionite e morbidade infecciosa periparto.
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Metodologia
Foi realizado uma análise secundária exploratória de um ensaio clínico randomizado de gestantes submetidas a indução de trabalho de parto em um centro de atenção terciária. A randomização aconteceu para o método de indução.
As participantes foram rastreadas para colonização pelo EGB durante o terceiro trimestre e a profilaxia antibiótica intraparto foi instituída quando o rastreio fosse positivo (penicilina cristalina desde o início da indução). Mulheres com cultura para EGB desconhecida ou que não receberam profilaxia antibiótica intraparto, se indicada, foram excluídas.
O desfecho primário foi o diagnóstico de corioamnionite clínica, comparado entre mulheres que receberam profilaxia antibiótica intraparto para status positivo de EGB conhecido (por cultura, história ou bacteriúria) e EGB negativo e não realização da profilaxia antibiótica intraparto. Os resultados secundários incluíram endometrite pós-parto, infecção da ferida, e um composto de morbidade infecciosa materna periparto e resultados neonatais.
Principais achados
Um total de 491 pacientes foram incluídos no estudo. Destas, 466 tinham um status EGB conhecido e receberam profilaxia antibiótica intraparto de acordo com o protocolo local: 292 (62,7%) eram EGB negativo e não receberam profilaxia antibiótica intraparto, e 174 (37,3%) eram EGB positivo e receberam profilaxia antibiótica intraparto. A maioria das participantes eram negras não hispânicas (78,1%) e nulíparas (59,7%). Não houve diferenças das características demográficas, clínicas, de indução ou trabalho de parto entre os grupos.
Pacientes que eram EGB positivo tiveram uma taxa 49% menor de corioamnionite clínica (8,1% vs. 14,7%, OR 0,51, p=0,03) e uma menor taxa de morbidade infecciosa periparto (8,1% vs. 15,8%, OR 0,47, p=0,02) em comparação com aquelas que eram EGB negativo (e não receberam antibiótico).
Neonatos nascidos de mulheres EGB positivo tiveram menor probabilidade de internação em UCI (3,4% vs. 15,1%, p<0,001).
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Conclusões
Embora a colonização por EGB tenha sido historicamente considerada um fator de risco para corioamnionite, na era da profilaxia antibiótica universal para pacientes EGB positivo, os achados desse estudo sustentam que a profilaxia antibiótica intraparto para positividade de EGB está associada a taxas mais baixas de corioamnionite clínica e morbidade infecciosa periparto entre gestantes submetidas a indução com manejo do trabalho de parto.
Esses achados também demonstram que a profilaxia antibiótica intraparto para EGB pode proteger contra a morbidade infecciosa perinatal, um fenômeno que merece uma investigação mais aprofundada.
Este artigo foi produzido em parceria com a Elsevier, utilizando os conteúdos baseados em evidências disponíveis na plataforma Clinical Key. Clique aqui para saber mais.
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