O Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG) publicou em outubro uma declaração reforçando a necessidade de se discutir e ofertar todos os métodos contraceptivos aprovados disponíveis à população.
A declaração do grupo reconhece a existência de barreiras sociais e estruturais que podem dificultar o acesso aos métodos contraceptivos e de vieses que podem decorrer de questões culturais e demográficas como alfabetização em saúde e idade da paciente. Além de

O ACOG aponta em resumo as seguintes recomendações:
- Médicos e outros profissionais de saúde devem respeitar a autonomia reprodutiva da paciente, iniciando, continuando, alterando ou interrompendo métodos contraceptivos a pedido e sem barreiras.
- Planos de saúde, hospitais e a rede de saúde devem incluir todos os métodos aprovados pela FDA (Food and Drug Administration) dos EUA em seus formulários, incluindo contraceptivos reversíveis de longa duração, e devem garantir o acesso a todos os métodos contraceptivos sem custos adicionais ou coparticipação.
- Profissionais de saúde e autoridades de saúde pública devem trabalhar para reduzir a desinformação e a estigmatização relacionadas ao uso de contraceptivos.
- Obstetras-ginecologistas e outros profissionais de saúde devem utilizar a tomada de decisão compartilhada em todos os atendimentos aos pacientes, com atenção especial aos indivíduos que enfrentam restrições específicas relacionadas ao consentimento, coerção e acesso (por exemplo, adolescentes, pessoas com identidades de gênero diversas, pessoas que falam outros idiomas além do inglês, pessoas com deficiência…).
- Doutrinas religiosas dos sistemas hospitalares ou dos profissionais de saúde não devem afetar o acesso dos pacientes a toda a gama de métodos contraceptivos.
- Gineco-obstetras e outros profissionais de saúde devem fornecer informações precisas e acesso oportuno ou encaminhamentos para toda a gama de métodos contraceptivos, incluindo contracepção permanente e vasectomia.
- O financiamento e o apoio institucional devem promover o desenvolvimento de novos métodos contraceptivos, incluindo a contracepção masculina, e a pesquisa para reduzir as desigualdades no acesso à contracepção e nos resultados em saúde reprodutiva.
- Associações médicas e instituições de saúde devem se opor publicamente e defender medidas para superar ações regulatórias, legislativas e judiciais que reduzem o acesso à contracepção. Os governos estaduais e federal devem proteger o acesso à contracepção e aumentar o financiamento para expandi-lo para melhorar o acesso à contracepção, o acesso à formação para profissionais de saúde que não sejam obstetras-ginecologistas deve ser aumentado.
O texto também destaca o racismo e opressão enraizados na fundação da especialidade, citando casos como o doutor James Marion Sims, que realizou experimentos em mulheres negras escravizadas sem anestesia e o movimento eugenista do início do século XX notoriamente impôs a esterilização forçada como meio de controle populacional em membros da sociedade considerados “inaptos para a reprodução”, incluindo indivíduos institucionalizados, pessoas com deficiência, pessoas de baixa renda, mulheres negras, imigrantes e pessoas rotuladas como “mentalmente incapazes” ou “débeis mentais”.
Autoria
Sérgio Okano
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.