ACOG 2025: Realizar ou não avaliação cromossômica no abortamento de repetição?

O abortamento de repetição é uma condição que acomete cerca de 2-5% da população mundial, promovendo efeitos psicológicos e emocionais. Não há um consenso quanto à definição, porém de acordo com a American Society for Reproductive Medicine (ASRM), duas ou mais perdas gestacionais configura o diagnóstico.

Uma sessão do congresso do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2025) trouxe os principais pontos dos guidelines com relação ao tema.

Diretrizes para abortamento de repetição

A abordagem inicial, de acordo com as diretrizes da ASRM 2012, requer avaliação do cariótipo do casal, dosagem do anticorpo antifosfolipídeo, avaliação da cavidade uterina, dosagens séricas de TSH e prolactina, todavia não era recomendado avaliação do cariótipo do produto do aborto. Por vezes, mesmo sendo realizada a investigação correta não é evidenciado a etiologia, o que pode promover maior incidência de ansiedade e depressão, de acordo com alguns estudos.

Diante do fato de a analise cromossômica do produto do aborto promover a redução de até 50% dos diagnósticos de abortamento de repetição sem causa aparente, em 2024 o ACOG incorporou a avaliação cromossômica do produto do aborto ao guideline de perda gestacional recorrente.

De acordo com a nova diretriz da ASRM 2025, apresentada na palestra, casos com duas ou mais perdas com analise cromossômica com abortamento aneuploide não há recomendação de exames adicionais, porém pode ser considerado dosagem do TSH e avaliação da cavidade uterina. Todavia, é importante ressaltar que em casos de analise cromossômica euploide (46XX), devemos sempre levar em consideração a técnica utilizada, a possibilidade de contaminação por células materna e o tamanho da amostra analisada.

Contudo, a inclusão da avaliação cromossômica do produto do aborto quando conclusiva, irá promover redução da ansiedade da paciente, menor custo-efetividade, auxiliar em condutas terapêuticas e prognóstico. Sendo assim, é fundamental, quando possível, realizar essa avaliação, porém sem esquecer as demais etiologias a serem investigadas.

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