ACOG 2025: Contracepção para mulheres acima do peso

Sabemos que a obesidade é uma epidemia mundial, sendo definida como o excesso de tecido adiposo com ou sem disfunção de órgão-alvo. No primeiro dia do congresso do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2025), uma mesa discutiu contracepção em pacientes com obesidade e seus estigmas.

Contraceptivos orais e obesidade

De acordo com o Lancet Commision Statement on Obesity, o diagnóstico da obesidade pode ser dado de acordo com IMC>40 kg/m2 ou de acordo com screening clínico (confirmação do excesso de tecido adiposo através de critério antropométricos e mensuração da gordura corporal).

O ganho de peso é um questionamento sempre frequente diante da escolha de um método contraceptivo hormonal, mas as evidências mostram que não há aumento significativamente estatístico no ganho de peso com o uso de métodos contraceptivos hormonais combinados. Já o uso isolado de progesterona pode cursar com ganho de até 2 kg em um período de um ano – sendo mais frequente quando usada progesterona injetável.

Pacientes em uso de GLP-1

A apresentação destacou também, com base numa publicação de Zwayne et al, 2025, que pacientes em uso de análogos do GLP-1 apresentam uma menor biodisponibilidade dos medicamentos orais, incluindo os contraceptivos, uma vez que esses sofrem alteração da farmacocinética podendo ofertar menor eficácia e, consequente, aumento de risco de gravidez. Todavia, devemos ressaltar que esse estudo não avaliou a tirzapatida (Mounjaro®). Já em pacientes submetidas a cirurgia bariátrica desabsortiva (sleeve e bypass em Y-Roux), há também uma menor biodisponibilidade dos contraceptivos orais hormonais, não sendo esse método a primeira escolha.

É fundamental que os ginecologistas se atenham a esses pontos uma vez que a mulher está cada vez mais postergando a maternidade e recorrendo ainda mais aos métodos contraceptivos.

Acompanhe o congresso da ACOG 2025 com a gente! Veja os destaques do evento.