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Ginecologia e Obstetrícia20 maio 2023

ACOG 2023: O efeito das redes sociais no diagnóstico e tratamento da SOP

Estudo traz uma abordagem dos critérios diagnósticos e tratamento da SOP, além da influência das redes sociais sobre o paciente.

No primeiro dia do congresso ACOG2023, uma das primeiras palestras abordou o tema Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), fazendo uma abordagem dos critérios diagnósticos e tratamento nos diversos protocolos e especialmente trazendo a influência das redes sociais nessas informações aos pacientes, em particular os adolescentes.

Leia mais: Confira os destaques do congresso ACOG 2023

As redes sociais (ou social media, do inglês) é referida nos Estados Unidos como Fourth Society, uma alusão ao termo Fourth Estate, conhecido como a relação da mídia e imprensa e sua capacidade em influenciar em questões políticas. Essa alusão mostra a capacidade das redes sociais em mudar a visão dos pacientes e impactar suas decisões.

Pesquisas apontam que um em cada 5 americano acreditam mais em influenciadores digitais que em profissionais de saúde e a mesma proporção procura sua condição nas redes sociais antes de procurar assistência médica. A hashtag #pcos (SOP em inglês) tem cerca de 5,3 bilhões de visualizações no TikTok.

Durante a palestra foram discutidos os diversos guidelines oriundos de várias sociedades profissionais sobre o diagnóstico e tratamento da SOP. O foco da discussão foi o diagnóstico de SOP na adolescência, população mais afetada pelo efeito das redes sociais. Dos 13 guidelines apresentados, somente 7 comtemplavam os aspectos e diagnósticos de SOP na adolescência.

Conceito e diagnóstico da SOP

A Síndrome dos Ovários Policisticos é a endocrinopatia mais comum em mulheres na idade fértil. É caracterizada por disfunção menstrual e hiperandrogenismo. 

A maioria dos guidelines apoiam seu diagnóstico nos critérios de Rotterdam de 2003, no qual para diagnosticar SOP são necessários 2 de 3 critérios (hiperandrogenismo, oligomenorreia/amenorreia e ultrassom com ovários policísticos) e descartar outras doenças (hipotiroidismo, falência ovaria precoce, hiperpolactinemia, hiperplasia adrenal congênita).

Entretanto, a existência de grande variedade de guidelines torna o cuidado da SOP as vezes pouco claro e confuso, o que facilita que as mulheres, especialmente adolescentes, sejam influenciadas pelas redes sociais quanto as informações dessa doença.

Tratamento

O tratamento também é um assunto muito influenciado pelo mundo digital, trazendo muitas vezes informações confusas e sem base sólida na literatura.

Atualmente, sabe-se que a reduçaõde 5 a 10% de peso auxilia na redução de sinais e sintomas da SOP. Essa conquista é mais bem obtida quando se consegue uma mudança de estilo de vida, com dieta e atividade física, não tendo um padrão alimentar ou tipo de exercício que se mostrou superior nesse objetivo. Entretanto, o tema é um “prato cheio” para influenciadores disseminarem as melhores dietas para SOP, muitas delas de difícil adesão e manutenção, por serem muito restritivas. 

Junto com a redução do peso, as mulheres que enfrentam irregularidade menstrual podem ser tratadas com contracepção hormonal. O uso desses e o controle do ciclo menstrual pode reduzir o hiperandrogenismo, o risco de câncer de endométrio e promover contracepção.

O uso de suplementos em conjunto com outras medidas, ainda apresenta resultados muito iniciais, mas com possíveis promessas de melhora dos efeitos da SOP. O uso de Inositol parece diminuir a resistência insulínica, melhorando padrões metabólicos e possivelmente a disfunção ovariana. Outro suplemento com resultados iniciais satisfatórios é a coenzima Q10, enquanto o uso de magnésio não mostrou eficácia no seu uso isolado.

Entretanto, precisa se atentar que os suplementos não são indicados como monoterapia nos sintomas e sinais da SOP.

Como lidar com a desinformação das redes sociais?

Quando o assunto é SOP, a procura por respostas é grande nas redes sociais, especialmente por adolescentes. Médicos que atendem essa população precisam estar aptos a lidar com essa questão.

Para melhor relação com essa desinformação, o profissional precisa conhecer o que é dito nas redes sociais, preparar a informação correta que irá rebater as fakes news e ser proativo nesse combate.

Muitos poderiam considerar estar na rede social e trazer a informação de qualidade, mas com um diálogo que se conecta ao público alvo, sem o excesso de termos científicos ignorados pela população leiga e adolescente.

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