Qual a relação entre Covid-19 e a amamentação? Essa tem sido uma dúvida muito frequente durante a pandemia, apresentando um aumento considerável nas buscas do Google Brasil entre 2020 e 2021. Afinal, qual a relação entre a vacina de Covid-19 e o leite materno? A resposta é simples: proteção. Pesquisas já comprovaram que uma forma natural da mãe proteger seus filhos é a amamentação, já que o ato de amamentar envia anticorpos da mãe para a criança.
Um estudo do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, revela a existência de anticorpos no leite das lactantes que tomaram a vacina Coronavac. Ainda segundo o Hospital das Clínicas, outros estudos com a mesma temática estão em andamento no mundo. Foram encontrados anticorpos nos leites das lactantes que receberam as vacinas Pfizer, Moderna e Astrazeneca.
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Outro tema muito pesquisado no Google no último ano é: “Covid amamentação”. Quais são os riscos da doença para a criança? Segundo informações do Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF e publicadas pela Organização das Nações Unidas – ONU não foram encontradas evidências de que a doença possa ser transmitida pelo leite materno. O artigo da Unicef “Amamentar com segurança durante a pandemia de Covid-19” traz esclarecimentos para as dúvidas das lactantes e orienta os cuidados necessários para continuar amamentando mesmo quando a mãe ou filho estão com suspeitas da doença.
A amamentação deve continuar mesmo em tempos de pandemia, considerando os devidos cuidados. O Portal de boas práticas da Fiocruz divulgou dados do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Rede Brasileira de Leite Humano para informar, esclarecer e tranquilizar a sociedade.
Além disso, no fim do ano passado, foram publicados dados sobre a amamentação antes e durante a vacinação de crianças, que comprovam que a ação é benéfica para os infantes e explicam o porquê disso acontecer.
No dia 14 de outubro de 2021, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica considerando o ato de amamentar, durante o procedimento de administração de vacinas injetáveis em crianças, como uma medida não farmacológica de alívio da dor e redução de estresse.
O documento compila dados descritos em estudos sobre o caráter doloroso da administração de vacinas injetáveis em crianças, os impactos que tal experiência dolorosa pode provocar a curto e longo prazo para a criança, o anseio dos pais em reduzir a dor e o desconforto nesse momento.
Evidências para a recomendação
Pesquisas identificaram que amamentar antes de procedimentos que utilizam agulha, pode aliviar a ansiedade e o medo, através da saciedade do bebê, e promover calma e tranquilidade.
Quando essa prática é realizada durante o procedimento, alguns mecanismos estão envolvidos na redução da dor: o colo, contato físico, som e cheiro da mãe promovem sensação de acolhimento e segurança; movimentos de sucção são prazerosos e aliviam o estresse; ingestão de açúcares, opiáceos endógenos e outras substâncias presentes no leite materno que também tem efeitos no alívio da dor. Além disso, um estudo demonstrou que durante a amamentação, ocorre uma ativação cortical generalizada no bebê, que reduz a percepção de dor.
Com base em evidências científicas sobre os efeitos analgésicos da amamentação, o documento recomenda que as unidades de saúde que realizam administração de imunobiológicos injetáveis:
- Permitam que os pais ou responsáveis acompanham a criança durante e após a vacinação;
- Estimulem que crianças sejam amamentadas antes e durante o procedimento;
- Realizem administração de imunobiológicos orais, e após estimulem a amamentação antes e durante a administração de vacinas injetáveis, caso a criança tenha que receber vacinas pelas duas vias em uma mesma visita no serviço de saúde.
Autores do texto: Thiago Felipe, Ana Carolina, Jéssica Assunção e Rodrigo Araújo e Castro
Revisores do texto: Luiza Tolomelli e Bianca Miconi
*Este conteúdo é uma parceria com o Instituto Health Lake, um projeto voluntário e sem fins lucrativos que garante a acessibilidade, segurança e integridade das informações, para maior visibilidade aos dados relacionados a saúde, tecnologia e afins.
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