A mola hidatiforme (MH) é caracterizada pela fertilização de um ovo cego por dois ou três espermatozoides. O resultado é a implantação e desenvolvimento de uma placenta com supercrescimento e desorganização levando ao formato característico de cacho de uva. Sua ocorrência é mais frequente em primigestas. O desenvolvimento embrionário é anormal ou ausente. De frequência em torno de 1/1.000 gestações a MH é uma condição não maligna que cursa com elevados valores de βHCG muito elevados (desproporcional para idade gestacional). Mulheres com MH tem leucopenia em relação a gestantes saudáveis com resposta imune inflamatória pobre permitindo invasão variável do trofoblasto mutante.
Já a neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) pós-molar é uma patologia de suspeita clínica quando os valores de βHCG permanecem altos, mesmo com esvaziamento uterino. Numa reavaliação da cavidade pode-se reencontrar tecido em novo desenvolvimento. Devendo assim ser reavaliada a necessidade de novo tratamento.
Um trabalho publicado no British Journal of Obstetrics & Gynaecology em outubro de 2022 envolveu seis centros de referência em neoplasia trofoblástica e analisou o tratamento dessa enfermidade durante a pandemia de covid-19.
Métodos
Foram analisadas, de forma retrospectiva longitudinal, 2.662 pacientes tratadas nesses centros de março 2015 a dezembro de 2020. Foram obtidas 528 respostas a um questionário previamente aplicado aos centros. O objetivo principal foi determinar a incidência de MH e NTG pós-molar.
Resultados
Os resultados mostraram que a incidência se manteve estável se comparada com os cinco anos pré-pandemia. A análise de regressão logística mostrou idade média mais de dez semanas de gravidez ao diagnóstico (p < 0,001) com valores de βHCG ≥ 100.000 UI/L (p< 0,001) pré-evacuação uterina.
Já para NTG pós-molar de relevante foi o tempo para início de quimioterapia retardado. Com início a partir dos sete meses no pós-pandemia, em comparação ao período de 2015 a 2019.
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Conclusão
Conclui o estudo que, apesar da incidência permanecer estável durante a pandemia no Brasil, a idade gestacional no diagnóstico foi maior. Assim também o tempo para início de quimioterapia foi retardado.
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