Várias rotinas médicas estão se transformando e o uso da telemedicina está ganhando espaço, especialmente no acompanhamento de pacientes com doenças crônicas que tiveram suas consultas presenciais canceladas. Com isso, alguns modelos de avaliação da população vulnerável estão sendo criados, estudados e validados para a garantia do cuidado.
A University of Rochester Specialized Oncology Care and Research in the Elderly (UR SOCARE), expôs a sua experiência com telemedicina e avaliação geriátrica. A universidade utiliza desde 2009 uma escala, que contém quase todos os domínios da Avaliação Geriátrica Ampliada, para auxiliar nas decisões terapêuticas de pacientes idosos e com câncer. Com a pandemia, essa assistência passou por modificações e atualmente é feita por telessaúde.
Avaliação geriátrica por telemedicina
Primeiramente, uma pré-consulta de cerca de 20 a 30 minutos, é realizada por telefone, para colher dados breves relacionados à escala de avaliação geriátrica (você pode ver a tabela aqui). O resultado é incluído no prontuário eletrônico, e, a partir desse momento, as áreas de vulnerabilidades que mereciam melhor atenção entravam para o plano de cuidado.
Aplicativos de teleconferência compatíveis com a Lei de Portabilidade e Responsabilidade do Seguro da Saúde (HIPAA) são utilizados para discussão clínica com profissionais de saúde de outros locais. Para os pacientes, é utilizado somente o telefone (na pré-consulta), para minimizar as dificuldades em manipular tecnologias mais elaboradas. Após a ligação, a lista de medicamentos colhida, é passada ao farmacêutico para revisão das recomendações de cada remédio.
Nesse primeiro contato telefônico, o paciente também é informado do novo modelo que será a sua consulta e dá a liberdade de escolher a presença ou não de seu acompanhante. Após o agendamento, a consulta é feita por teleconferência. Neste dia, a equipe (multidisciplinar) é apresentada e após orientações gerais feitas pela enfermeira, o oncologista geriátrico introduzia questões importantes dos domínios da Avaliação Geriátrica previamente estabelecidas, sendo discutido com o paciente os potenciais planos de cuidado. Todo o conteúdo discutido/estabelecido é encaminhado por e-mail.
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O Departamento de Saúde e Serviços Humanos modificou os requisitos de telessaúde da HIPAA para que os provedores possam utilizar qualquer meio de comunicação para facilitar o acesso dos pacientes e também flexibilizar o desenvolvimento de novos programas de telessaúde. Essa evolução é extremamente importante, principalmente para os pacientes que moram longe de hospitais ou que tenham dificuldade em locomoção ou acesso a transporte.
Conclusões
Apesar de promissor, esse modelo ainda será reformulado, devido aos desafios observados como a falta do contato visual, a ausência da linguagem não verbal, a dificuldade em saber se realmente o paciente entendeu as informações transmitidas e de no modelo adaptado de avaliação geriátrica não ter sido possível avaliar a marcha do paciente e a sua força motora.
Transformar o modo de atuação médica é necessário e a pandemia fez essa “exigência”. Para os idosos, a estratificação do seu risco é essencial para determinação do seu plano de cuidado global. E a telemedicina possibilita essa avaliação, ampliando o acesso à uma população vulnerável.
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Referências bibliográficas:
- DiGiovann, et al. Development of a telehealth geriatric assessment model in response to the COVID-19 pandemic. <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7164886/>
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