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Terapia Intensiva28 outubro 2022

A fragilidade na medicina intensiva deve ser considerada, medida e interpretada

Na medicina intensiva, a fragilidade não só aumenta a mortalidade intra-hospitalar como está relacionada a um desfecho adverso.

O conceito de fragilidade é muito usado no campo da Geriatria e Gerontologia. Se caracteriza por um declínio multissistêmico da reserva dos sistemas fisiológicos causando vulnerabilidade à condições adversas como doenças e mudanças ambientais. As principais marcas da fragilidade são a perda de peso, sensação de exaustão, redução da força de preensão palmar, redução da velocidade de marcha e baixa atividade (pouco gasto energético).

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Para muitos profissionais da saúde, a fragilidade é uma circunstância inerente ao envelhecimento humano e tratar o assunto desta forma significa intervir tardiamente em situações potencialmente reversíveis levando a consequências adversas e sem potencial de prevenção. Esse conceito deve ser difundido para além do campo da Geriatria e os pacientes frágeis devem ser identificados o mais precocemente possível. Na medicina intensiva, torna-se ainda mais importante pois a fragilidade não só aumenta a mortalidade intra-hospitalar como está estreitamente relacionada a um desfecho adverso após admissões na UTI. Ela pode prolongar a internação na unidade fechada, demandar mais recursos de suporte de vida e levar a uma pior qualidade de vida no pós-alta.

A fragilidade na medicina intensiva deve ser considerada, medida e interpretada

Como medir?

A fragilidade pode ser medida ou estimada usando muitos métodos mas o “padrão ouro” é a Avaliação Geriátrica Ampla (AGA). Este é um instrumento que engloba diversos aspectos do indivíduo como questões clínicas, funcionais e psicossociais. É um instrumento interdisciplinar e estruturado composto por diversas escalas e testes de rastreio. Para aplicá-la é necessário tempo e um paciente cooperativo o que na maioria das vezes não é a realidade observada na admissão na UTI. Devido a isso, outros métodos foram criados e validados. A Escala Clínica de Fragilidade – ECF (Clinical Frail Scale) é um dos mais populares e utiliza informações clínicas observadas na admissão do paciente, do relato do mesmo ou de um cuidador e registros hospitalares prévios. Outros métodos para avaliar a fragilidade nesse contexto também foram usados, porém com resultados inferiores à ECF em pacientes críticos. A Escala Clínica de Fragilidade não somente prevê resultados de curto prazo como também é um fator de previsão da mortalidade em 6 meses de pacientes idosos na UTI.

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O conceito de fragilidade atraiu muita atenção durante a pandemia do covid-19. Em uma revisão sistemática, o diagnóstico determinado pela ECF foi considerada fortemente associada à mortalidade e concluiu que o manejo do paciente baseado nos critérios de fragilidade devem ser incluídos nas diretrizes internacionais de tratamento da covid-19.

Estudo recente

Em um estudo multicêntrico prospectivo na Europa, a fragilidade avaliada com a escala foi considerada mais importante do que a idade para prever a mortalidade.

Em conclusão, o diagnóstico de idosos frágeis no contexto da medicina intensiva deve ser medido e levado em consideração. É útil para auxiliar no processo de decisão médica, plano avançado de cuidado, alocação de recursos, planejamento de reabilitação ou até mesmo para auxiliar nos cuidados proporcionais e de fim de vida.

Se você quiser saber como calcula a Escala Clínica de Fragilidade, veja em nossa reportagem aqui.

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Referências bibliográficas

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