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Genética Médica3 março 2022

Síndrome de Barber Say: da suspeita ao diagnóstico

A síndrome de Barber Say é uma condição congênita rara e é resultado de uma displasia ectodérmica. Saiba mais no Portal PEBMED.

Por Jôbert Neves

A síndrome de Barber Say (BSS) é uma condição congênita rara, com prevalência aproximada de 1/1.000.000 nascidos vivos e é resultado de uma displasia ectodérmica. A pele e seus anexos, como folículos pilosos, glândula sudorípara, glândula sebácea e unha, são os tecidos mais envolvidos, com uma ampla variedade de manifestações clínicas, como hipertricose congênita generalizada, atrofia cutânea e outras.

síndrome de Barber Say

Manifestações clínicas e diagnóstico

O diagnóstico dos pacientes com síndrome de Barber Say é feito através da junção dos sinais e sintomas indicativos, que levam à suspeita diagnóstica já ao nascimento. As manifestações clínicas são variáveis, com apresentações leves e graves. Dentre as relatadas, destacam-se:

  • Hipertricose congênita generalizada;
  • Dismorfismos faciais ( ectrópio bilateral, sobrancelhas e cílios ausentes ou esparsos, hipertelorismo/telecanto, ponte nasal larga, nariz bulboso, macrostomia, lábios finos e orelhas disformes);
  • Hiperfrouxidão e redundância de pele com dobras profundas; 
  • Hipoplasia do mamilo; 
  • Ausência de glândulas mamárias; 
  • Déficit cognitivo;
  • Atraso no desenvolvimento da fala;
  • Atraso no crescimento;  
  • Baixo peso no nascimento;. 
  • Hipospádia;  
  • Genitália ambígua;  
  • Aparência envelhecida.

Anormalidades em outros tecidos podem também ser encontradas, por exemplo, ouvidos, olhos, lábios, membranas mucosas da boca ou nariz e sistema nervoso central.  

Uma das manifestações que mais chamam a atenção é a hipertricose congênita generalizada, que faz parte de um grupo heterogêneo de condições e que tem sido observada como o principal fenótipo em dez síndromes genéticas diferentes. 

Caso Dandara  

No Brasil, há um relato de uma paciente que ficou popularmente conhecida: Kawana Dandara. A paciente apresentou alterações oftalmológicas importantes, associadas aos dismorfismos faciais. Hoje, a síndrome de Barber Say também é conhecida como “síndrome de Dandara, por conta da brasileira e sua repercussão, disseminando informações sobre sua síndrome.

Leia também: Avanços sobre as doenças raras no Brasil

Patogênese, tratamento e prognóstico  

A consanguinidade é relatada em alguns casos. Transmissões autossômicas dominantes e recessivas, bem como casos esporádicos, foram relatados. Alguns estudos também sugerem que alguns casos de síndrome de Barber Say são causados por mutações no gene TWIST2. 

O tratamento, em geral, é direcionado para as alterações manifestadas pelo paciente, sendo o acompanhamento dermatológico, oftalmológico e ortodôntico mandatórios. Em geral, são procedimentos de caráter estético e são realizados de acordo com o desejo do paciente, conforme orientação médica e costumam ter boa evolução.

Referências bibliográficas:

  • Martínez Santana, S., Pérez Alvarez, F., Frías, J. L., & Martínez-Frías, M. L. (1993). Hypertrichosis, atrophic skin, ectropion, and macrostomia (Barber-Say syndrome): report of a new case. American journal of medical genetics, 47(1), 20–23. https://doi.org/10.1002/ajmg.1320470105; 
  • Marchegiani, S., Davis, T., Tessadori, F., van Haaften, G., Brancati, F., Hoischen, A., Huang, H., Valkanas, E., Pusey, B., Schanze, D., Venselaar, H., Vulto-van Silfhout, A. T., Wolfe, L. A., Tifft, C. J., Zerfas, P. M., Zambruno, G., Kariminejad, A., Sabbagh-Kermani, F., Lee, J., Tsokos, M. G., … Markello, T. C. (2015). Recurrent Mutations in the Basic Domain of TWIST2 Cause Ablepharon Macrostomia and Barber-Say Syndromes. American journal of human genetics, 97(1), 99–110. https://doi.org/10.1016/j.ajhg.2015.05.017; 

Autoria

Foto de Jôbert Neves

Jôbert Neves

Médico do Departamento de Pediatria e Puericultura da Irmandade da Santa Casa  de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), Pediatria e Gastroenterologia Pediátrica pela ISCMSP, Título de Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).  Médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenador Young LASPGHAN do grupo de trabalho de probióticos e microbiota da Sociedade Latino-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (LASPGHAN).

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