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Gastroenterologia12 dezembro 2022

Síndrome do intestino irritável: FODMAPs e probióticos como auxílio no manejo

Conheça os benefícios de uma dieta com baixo teor de FODMAPs e o uso de probióticos para pacientes com SII.

Por Jôbert Neves

Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com Cellera Farma de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.

A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio da interação cérebro-intestino, sendo uma condição frequente e caracterizada por ausência de alteração estrutural que justifique uma ampla variedade de sintomas como dor abdominal, constipação intestinal, diarreia e flatulência. Evidências sugerem que cerca de 5% a 10% dos indivíduos saudáveis ​sejam afetados pela SII em algum momento da vida, a qual, na maioria das pessoas, segue um curso de recaída e remissão. Dado o grande impacto na qualidade de vida dos pacientes, diversas estratégias para o manejo da SII são fomentadas1 

O resultado da comunicação desordenada entre o cérebro e o intestino permite justificar os distúrbios de motilidade, a hipersensibilidade visceral, as alterações da microbiota intestinal e os distúrbios da barreira intestinal presentes em pacientes com SII, sendo esses novos pilares promissores para novos tratamentos1,2 

O manejo terapêutico da SII é centrado em uma abordagem multifatorial, direcionada aos sintomas e ao restabelecimento da qualidade de vida dos pacientes. Sabe-se que diferentes alimentos podem atuar como gatilhos para sintomas da SII em um grande número de pacientes, reforçando a importância do tratamento dietético para essa condição3,4 

A cautela na indicação e na execução das dietas direcionadas aos pacientes com SII deve ser mandatória. Cada paciente precisa ser individualizado. Orientações gerais, como seguir uma alimentação saudável e em pequenas porções, limitando a ingestão de alimentos fermentáveis ​​e produtores de gás, álcool, gordura e alimentos condimentados podem ser aplicadas. Por outro lado, faltam evidências para recomendar dietas isentas de glúten e lactose de maneira generalizada4 

Um número cada vez maior de evidências sustenta a eficácia do baixo consumo de Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Polióis Fermentáveis (FODMAPs) no controle dos sintomas da SII. O American College of Gastroenterology sugere essa estratégia dietética como uma forte possibilidade terapêutica para os pacientes com SII. Acredita-se que a redução da ingestão desses carboidratos pequenos, indigeríveis e muitas vezes fermentáveis ​​diminui a osmolaridade intestinal e a produção de gases e, consequentemente, os sintomas gastrointestinais. Geralmente, inicia-se com a eliminação de todos os FODMAPs, seguida de paulatina reintrodução de grupos específicos de alimentos dentro de 6 a 8 semanas, se houver resposta à restrição inicial4 

Como adjuvante a terapia dietética, com o objetivo de atuar na regulação do eixo cérebro-intestino através da restauração da microbiota e redução da permeabilidade intestinal, os probióticos têm se tornado cada vez mais promissores para tratamento de pacientes com SII. Diversos estudos foram dedicados à avaliação do possível papel dos probióticos nessa condição, mostrando que a SII representa uma população-alvo relevante para o uso de probióticos, o que é corroborado pelo crescente número de artigos e ensaios clínicos que avaliam a eficácia desses produtos na SII.  

 Probióticos e SII

 O uso de probióticos para tratamento de SII ainda é tema controverso. Recentemente, os Consensos Japonês e Britânico de SII recomendaram o uso de probióticos, embora não tenham apontado a melhor cepa a ser utilizada9. Por outro lado, o Colégio Americano de Gastroenterologia ainda não adotou essa recomendação.3 Os resultados conflitantes obtidos em ensaios de SII podem estar relacionados a diferenças de espécies, concentração e combinações de probióticos, o que reforça a importância da individualização para sua indicação7.   

 O Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®) é um dos probióticos mais estudados em SII. Essa cepa é capaz de regular positivamente os níveis de serotonina, em células epiteliais intestinais e em tecidos intestinais de camundongos, sugerindo um papel específico no tratamento da SII. A serotonina é um importante hormônio presente no trato gastrointestinal (TGI), o qual modula a secreção de fluidos intestinais e a motilidade intestinal7 

Ademais, o LGG® produz fatores, identificados como mediadores “pós-bióticos”, capazes de proteger as células musculares lisas colônicas de alterações morfofuncionais, garantindo melhor função da motilidade. Há relatos de que produtos derivados de LGG® possam reduzir o risco de distúrbios motores pós-infecciosos, o que corrobora para a atividade do LGG® em sintomas de SII em crianças e adultos por meio de regulação do eixo cérebro-intestino. Um outro estudo de Bonfrate e colaboradores evidenciou uma redução percentual em relação à dor abdominal (-48,8% vs -3,5%), distensão (-36,35% vs +7,35%) e gravidade da doença (-30,1% vs -0,4%) (P < 0,0001) quando utilizados Bifidobacterium longum BB536 e Lactobacillus rhamnosus HN001 associados a vitamina B6 em comparação ao placebo7,8. Recentemente, uma metanálise publicada por Ceccherini e colaboradores sugeriu que Lactobacillus rhamnosus e Lactobacillus acidophilus têm a maior eficácia em SII, especialmente na qualidade de vida, distensão e dor abdominal10 

Por fim, evidências atuais sustentam que, de forma individualizada, a dieta com baixo teor de FODMAPs e o uso de probióticos, como o LGG®, podem ser auxílio terapêutico para o manejo da SII. 

 

Autoria

Foto de Jôbert Neves

Jôbert Neves

Médico do Departamento de Pediatria e Puericultura da Irmandade da Santa Casa  de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), Pediatria e Gastroenterologia Pediátrica pela ISCMSP, Título de Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).  Médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenador Young LASPGHAN do grupo de trabalho de probióticos e microbiota da Sociedade Latino-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (LASPGHAN).

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