Síndrome do intestino irritável e a relação com a saúde e a autoestima da mulher
Entenda como a síndrome do intestino irritável pode afetar a autoestima das mulheres e como os probióticos podem ajudar no tratamento.
Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com Cellera Farma de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.
Síndrome do intestino irritável é uma patologia funcional crônica, relacionada a desregulação do eixo cérebro-intestino, a qual acomete cerca de 9-23% da população mundial1. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2019, o número de mulheres no Brasil é superior ao de homens, e a população tem 48,2% de homens e 51,8% de mulheres.2 Considerando esta informação e a maior busca pelos serviços médicos pelas mulheres, pode-se explicar a maior incidência em mulheres do que homens, em uma proporção estimada de 3-4:1.
A etiopatogênese é multifatorial e inclui hipersensibilidade visceral, alteração nos fatores do lúmen intestinal e no microbioma. Ainda são relatados aumento da permeabilidade da mucosa intestinal, translocação bacteriana, ativação da imunidade, infecções gastrointestinais prévias e até polimorfismos genéticos.1
O elevado acometimento de pacientes do sexo feminino afeta diretamente a qualidade de vida das mesmas, sendo muitas vezes difícil o diagnóstico diferencial com outras doenças do sistema genital feminino.A sintomatologia é ampla e tem como sintomas cardinais a dor abdominal e alteração no padrão evacuatório (Tabela 1).
Fonte: https://theromefoundation.org/rome-iv/rome-iv-criteria
Como é feito o diagnóstico de síndrome do intestino irritável?
O diagnóstico é clínico, baseado nos critérios de ROMA IV, conforme descrito na Tabela 2.
Como visto, é fundamental a avaliação do aspecto das fezes, a qual deve ser realizada pela escala de Bristol proposta por Lewis e Heaton em 1997; sendo que os tipos 1 e 2 sugerem constipação, 3 a 5 são considerados normais e o 6 e 7 se associam a diarreia (Figura 1).3
Figura 1. Escala de Bristol
Sinais de alarme, que devem ser afastados no diagnóstico diferencial, são apresentados na Tabela 3.
Síndrome do intestino irritável nas mulheres
Nas mulheres, deve-se ter atenção ao diagnóstico diferencial com doenças do trato genito-urinário, como ovarianas, uterinas ou endometriose. Embora o diagnóstico de síndrome do intestino irritável não seja um diagnóstico de exclusão, mas sim afirmativo e baseado em critérios clínicos objeticos (ROMA IV), nada impede que a paciente tenha outras condições patológicas sobrepostas ao mesmo tempo.
Deve-se destacar também as alterações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual. Observa-se com frequência uma piora dos sintomas de hipersensibilidade e dor abdominal da síndrome do intestino irritável durante o período pré-menstrual.
Quais tratamentos podem ser indicados na síndrome do intestino irritável?
O tratamento deve ser sustentado por alguns pilares básicos: comportamental, através da orientação dietética com ou sem restrição de alimentos ricos em FODMAPS (Fermentable Oligossacarideos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Poliois); incentivo a prática de exercícios físicos; e terapia farmacológica direcionada da forma de apresentação da doença (diarreia, constipação ou mista).
Além disso, estudos têm mostrado que os probióticos podem impactar de maneira indireta na autoestima das mulheres. Isso ocorre porque o intestino é considerado o nosso “segundo cérebro”, uma vez que está diretamente ligado ao sistema nervoso central. Um microbioma intestinal saudável pode melhorar o humor, reduzir a ansiedade e a depressão, melhorar a qualidade do sono e aumentar a energia.6 O uso de probióticos, apesar de adjuvante, demonstra benefícios na melhora de diversos sintomas relacionados a síndrome. Lactobacillus reduziram significativamente a dor abdominal e a flatulência, enquanto os sintomas gerais foram aliviados por formulações contendo Bifidobacterias. Destaca-se o Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®), um dos mais estudados probióticos no tratamento da síndrome do intestino irritável, o qual é capaz de regular positivamente os níveis de serotonina em células epiteliais intestinais e em tecidos intestinais de camundongos.
Recentemente, o papel da hipnoterapia direcionada ao intestino foi extensivamente investigado no tratamento da síndrome do intestino irritável em adultos. Dez ensaios clínicos randomizados mostraram que a hipnoterapia melhorou significativamente os sintomas intestinais e os sintomas emocionais. Esta surge como uma opção terapêutica na melhora da qualidade de vida e, consequentemente, da autoestima das pacientes.7
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