Microbiota intestinal e o desenvolvimento imunológico na pediatria
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Já é amplamente discutido que os probióticos oferecem diversas propriedades funcionais para além dos transtornos gastrointestinais, com destaque para o seu potencial de estimulação/modulação do sistema imunológico. Atuando em diferentes fases da vida, a suplementação com probióticos já é uma realidade, visto que a interface entre microbiota intestinal e desenvolvimento imunológico vem sendo cada vez mais elucidada1.
No corpo humano, mais de 40 trilhões de bactérias residem nos intestinos, na cavidade oral, nas vias respiratórias, pele e trato geniturinário, sendo que a grande maioria das bactérias são residentes nos intestinos, compondo a microbiota intestinal. Atualmente, com os avanços nos métodos de sequenciamento genético, é possível conhecer características precisas dos microrganismos que compõem a microbiota, permitindo também uma maior compreensão do seu papel na saúde humana, através da regulação do metabolismo, função cerebral e por meio da modulação das defesas imunológicas do hospedeiro2.
A microbiota intestinal mantém a homeostase do sistema imune majoritariamente através dos seus metabólitos, com destaque para os ácidos graxos de cadeia curta, metabólitos de triptofano e metabólitos de ácidos biliares, os quais promovem a diferenciação de células imunossupressoras e inibem células pró-inflamatórias. Sabe-se que em situações de desequilíbrio da microbiota intestinal, denominado de disbiose, diversas doenças alérgicas podem se desenvolver já em fases iniciais da vida, além de outras condições futuras como obesidade, doenças neurológicas e doenças cardiovasculares2.
Diversos fatores da infância como o modo de parto e tipo de alimentação, atuam diretamente sobre a composição da microbiota intestinal. Paralelamente, o sistema imunológico amadurece através de estímulos bidirecionais. Mas sabemos que alterações no desenvolvimento da microbiota intestinal durante a infância podem ter uma variedade de efeitos negativos na saúde imunológica e no aparecimento de doenças alérgicas3. Logo, a suplementação de probióticos na infância poderia contribuir para prevenir doenças imunomediadas na infância, enquanto a sua intervenção na gravidez pode afetar os parâmetros imunológicos fetais, como os níveis de interferon (IFN)-γ no sangue do cordão umbilical e níveis de fator de
crescimento tumoral (TGF) -β1 e imunoglobulina (Ig)A do leite materno – mediadores imunológicos com papéis fundamentais na primeira infância1.
O Lactobacillus rhamnosus GG (LGG) é um dos probióticos mais frequentemente estudados para avaliação dos benefícios em transtornos gastrointestinais, assim como para os extras intestinais4. Há evidências de resultados positivos de suplementação com LGG e prevenção de dermatite atópica nos primeiros anos de vida e como terapia adjuvante para o tratamento da dermatite atópica em crianças, mostrando ação deste probiótico no sistema imunológico5. Além disso, em relação às infecções de vias áreas superiores, estudos prévios sugerem que o LGG tem o potencial de reduzir a gravidade e a duração dos sintomas de infecção respiratória superior6.
Discutir o papel dos probióticos, especialmente do LGG, para além das doenças gastrointestinais, é de grande relevância, visto que nas últimas décadas, o número de alergias alimentares, respiratórias e cutâneas aumentou, o que é consistente com a redução drástica na diversidade e abundância da microbiota intestinal, influenciada por diversos fatores como o aumento de nascimentos prematuros, cesarianas, redução amamentação, uso de antibióticos, menor exposição ao meio ambiente e higiene excessiva. Neste contexto, a atenção para o uso de probióticos para a prevenção e de condições como da asma, dermatite atópica e alergias alimentares se faz necessária4.
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