A cirurgia bariátrica continua como uma importante forma de tratamento da obesidade e apesar das inovações medicamentosas, a cirurgia continua a apresentar resultados mais duradouros. Atualmente a comunidade cirúrgica convergiu para 2 principais tipos de cirurgia: gastrectomia vertical e by-pass, com diversos pontos ainda sem uma resposta precisa.
A quantidade de cirurgia bariátrica tem aumentado ao longo dos anos e desde 2014 o número de gastrectomias verticais tem suplantado as cirurgias de by-pass, mesmo sem possuírem dados a longo prazo sobre a sua efetividade.
Um estudo multicêntrico aberto finlandês randomizou pacientes obesos para serem tratados com gastrectomia (GV) vertical ou by-pass gástrico (BPG) e observar seus resultados a longo prazo. As cirurgias ocorreram entre 2008 e 2010, e o último acompanhamento dos pacientes até 2015.
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Entre as diversas análises, o desfecho principal seria a perda de peso medida em percentual de perda do excesso de peso, considerando o IMC 25 como ideal. Além disto, como desfechos secundários a análise das comorbidades associadas e questionários de qualidade de vida relacionada especificamente a doença e outro em relação a saúde geral do paciente.
Resultado
Inicialmente foram randomizados 240 pacientes, sendo 121 GV e 119, BPG, porém ao longo do acompanhamento ocorreram mais algumas exclusões e assim permaneceram 91 pacientes em cada grupo.
A perda do excesso, apesar de um pouco maior no grupo BPG, e com significância estatística, não representou significância clínica na análise. As complicações relacionadas a cirurgia no período de observação entre 30 dias e 7 anos de pós-operatório também não apresentaram diferenças significativas.
De forma semelhante a análise da qualidade de vida relacionada a doença ao longo do acompanhamento não apresentou diferença entre os grupos. A análise de ambos os grupos demostrou uma melhora evolutiva da qualidade de vida ao longo dos anos de acompanhamento.
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Na análise da qualidade de vida da saúde global, ambos grupos apresentaram evolução bastante semelhante e não apresentaram nenhuma diferença. No entanto a análise dos pacientes do estudo com a população geral da Finlândia e fazendo pareamento por idade de mostrou que tanto no início da observação quanto após 7 anos os pacientes do estudo apresentaram pontuações piores que a população geral (p < 0,001).
Discussão
Ambos os procedimentos demostraram perda de peso duradoura aos 7 anos de observação, com uma vantagem para o BPG. Um outro ponto bastante importante observado neste estudo foi a análise da qualidade de vida dos pacientes que também não demostrou diferença entre os grupos, embora terem apresentado uma importante melhora quando comparada aos questionários iniciais.
Conclusão
Os procedimentos BPG e GV não são equivalentes quando analisado a perda de peso, no entanto sem uma diferença clínica significativa. Tanto o by-pass gástrico quanto a gastrectomia vertical apresentam significativa melhora da qualidade de vida dos pacientes em níveis semelhantes.
Para Levar Para Casa
Apesar dos estudos tentarem comparar os dois métodos como sendo intercambiáveis, a realidade não pode ser encarada de forma tão simples. Particularidades inerentes a cada paciente tem fundamental importância na escolha da técnica, entre eles a presença de sintomas de refluxo, diabetes e até mesmo idade.
A escolha da técnica a ser adotada não pode ficar a cargo exclusivamente do cirurgião, porém de uma equipe interdisciplinar onde todos os fatores serão analisados e ponderados. Os melhores resultados são obtidos quando há uma real integração de todos os pontos.
Referências bibliográficas:
- Salminem P, et al. Effect of Laparoscopic Sleeve Gastrectomy vs Laparoscopic Roux-en-Y Gastric Bypass on Weight Loss at 5 Years Among Patients With Morbid Obesity: The SLEEVEPASS Randomized Clinical Trial. JAMA. 2018 Jan 16;319(3):241-254. doi: 10.1001/jama.2017.20313.
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