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Gastroenterologia17 maio 2024

ESPGHAN 2024: Dieta na DII pediátrica - o que esperar do futuro?

A palestrante apresentou diversos estudos na qual aplicação da terapia nutricional em pacientes com doença de Chron.
Por Jôbert Neves

O uso da terapia nutricional para suportar pacientes com doença inflamatória intestinal (DII) tem sido cada vez mais discutida. A Dra. Rotem Sigall, nova membra do Grupo Porto, voltado para DII, apresentou no 56ª Encontro Anual da Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (ESPGHAN 2024) as perspectivas futuras do manejo dietético para pacientes com DII.  

Apesar do grande avanço das terapias biológicas para tratamento das DII, a nutrição enteral exclusiva (NEE) segue como primeira linha para o tratamento de pacientes com Doença de Chron (DC). A palestrante apresentou diversos estudos na qual aplicação da terapia nutricional em pacientes com DC foi associada a menores taxas de complicações, menores hospitalizações e a menor taxa de dependência do corticoide.  

 Dra. Rotem apresentou dados de um centro especializado em DII na Argentina, na qual pacientes com DC assintomática, que recebiam dieta de exclusão associada à nutrição enteral, obtiveram respostas bioquímicas consideráveis, por meio da avaliação da calprotectina fecal. Neste trabalho, os pacientes continuaram com seus medicamentos habituais para manejo da DC e foram randomizados em um grupo que recebeu dieta de exclusão de DC associado a nutrição enteral parcial por 12 semanas (11 pacientes) e um grupo que manteve dieta regular (10 pacientes).  Por fim, a mediana da calprotectina fecal na dieta de exclusão de DC mais nutrição enteral parcial diminuiu em cerca de 80% dos pacientes, para 50% do valor basal, permanecendo praticamente inalterada na dieta regular (p=0,005). Concluindo que o tratamento dietético adjuvante pode ser um caminho para pacientes com aparente remissão, mas com altos níveis de calprotectina fecal.  

Criança com obesidade mostrando a região abdominal.

Mas será que conseguimos manter as mudanças de hábitos alimentares por um longo prazo? 

A palestrante alerta que, antes de pensarmos no uso a longo prazo das terapias dietéticas, é importante lembrar que ela não é elegível para todos os pacientes, se adequando principalmente para aqueles pacientes com doença leve a moderada. Visto que os pacientes com doença grave e fenótipos complexos, a dieta pode ser considerada com cautela e de forma individualizada.  Através de uma pirâmide explicativa, a Dr. Rotem, traz toda a trajetória do manejo dietético em pacientes com DC, até chegarmos hoje em alto nível de evidência e presença em todos os guidelines 

Mensagem prática  

Com o aumento da prevalência de DII na população pediátrica, conhecer as alternativas para o seu manejo é fundamental. No contexto da DC, a dieta de exclusão ou nutrição enteral exclusiva é uma forte alternativa de tratamento em pacientes com doença leve a moderada. Apesar disso, os desafios de aplicação no Brasil são grandes e diversos fatores poderiam ser pontuados para justificar, dentre eles a dificuldade de adesão ao tratamento, o custo alto com as dietas enterais exclusivas.  Além disso, temos a oportunidade de cada vez mais contar uma equipe multiprofissional, com nutricionistas e nutrólogos, para otimização do tratamento e auxílio direto em estratégias de educação em saúde.  

Sobre o futuro da terapia dietética para manejo da DC, acredita-se que, por meio de mais estudos, a dieta de exclusão segue com um grande potencial alternativo a NEE, minimizando impacto de preço e consequente acessibilidade ao tratamento.

Confira todos os destaques do ESPGHAN 2024 aqui!

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