A relação do eixo cérebro-intestino e longevidade, recentemente tema de uma discussão durante o Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, administrada pelo médico geriatra Dr. Julio Cesar Moriguti, professor associado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, é uma discussão bastante relevante para trazermos aos médicos especialistas.
A definição de eixo cérebro-intestino é um sistema de comunicação bidirecional que conecta o sistema nervoso central (SNC) e o trato gastrointestinal, desempenhando um papel importante na regulação de diversos processos fisiológicos. Envolve uma complexa rede de interações entre o microbioma intestinal, sistema nervoso entérico, sistema imunológico, sistema endócrino e SNC. É composto por mais de três trilhões de microrganismos (bactérias, vírus, fungos) e tem papel crucial na modulação do sistema imunológico e na metabolização de nutrientes e toxinas, além da produção de neurotransmissores e metabólitos microbianos que podem atravessar a barreira hematoencefálica.
Qual o seu impacto na longevidade?
Trazendo a discussão que ocorreu durante o congresso, é possível destacar quatro formas em que o eixo poderia impactar na longevidade. O primeiro é a inflamação e doenças crônicas (inflamação crônica como fator de risco para diversas doenças, com o eixo podendo modular através de uma microbiota equilibrada). O segundo é a regulação do estresse e do comportamento (influência do eixo no equilíbrio de neurotransmissores e hormônios que afetam o bem-estar emocional e a resposta ao estresse).
O impacto no metabolismo e controle de peso (impacto da microbiota em como o organismo processa e armazena nutrientes) também afeta a longevidade e, por fim, a neurodegeneração (inflamação sistêmica e disbiose intestinal podem afetar a função cerebral, sendo o cuidado com a saúde intestinal uma possível estratégia para prevenir ou retardar doenças neurodegenerativas).
Saiba mais: Eixo Intestino-Cérebro: Entenda seu funcionamento e relação com doenças mentais
Ação de probióticos
O uso de probióticos, prebióticos, dietas e alterações do estilo de vida têm efeitos promissores sobre a modulação do eixo. Porém, ainda temos várias limitações nos estudos: dificuldade de estabelecer causalidade, efeitos variáveis dos probióticos, falta de estudos longitudinais, complexidade da interação entre cérebro e intestino (fatores individuais, influências bidirecionais).
Conclusão e mensagem prática
Este tema é muito empolgante, mostra a complexidade do corpo com as suas diversas conexões. Algumas mudanças conseguimos colocar em prática, como alimentação e atividade física. Porém ainda precisamos de mais estudos robustos, mas é um tema bastante promissor.
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