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Gastroenterologia22 março 2022

Desprescrição do inibidor de bomba de prótons: recomendações American Gastroenterological Association

A American Gastroenterological Association publicou uma diretriz com 10 dicas para retirada do inibidor de bomba de prótons.

O inibidor de bomba de prótons (IBP) é uma das classes de medicamentos mais prescritas no mundo, muitas vezes de maneira indiscriminada. Estima-se que cerca de um quarto de todos os pacientes que usam IBP vão mantê-lo por pelo menos 1 ano e que cerca de dois terços não tem uma indicação clara de uso. Sabe-se ainda que o uso crônico de IBP, potencialmente, pode se associar a diversos efeitos colaterais, como aumento do risco de infecção por Clostridioides difficile, pneumonia, fraturas, deficiência vitamínica, doença renal crônica, entre outros.

Nesse contexto, a American Gastroenterological Association publicou uma diretriz com 10 dicas de boas práticas clínicas para retirada do IBP, visando a minimizar o uso desnecessário.

São elas:

1. Todos os pacientes em uso de IBP devem passar por revisão médica periódica da indicação de uso de IBP, especialmente pelo médico assistente da atenção básica a saúde.

2. Todos os pacientes sem indicação de uso crônico de IBP devem ser considerados para uma tentativa de suspensão da droga.

3. A maioria dos pacientes com indicação de uso crônico de IBP que utilizam a medicação duas vezes ao dia devem tentar reduzir a dose para uma vez ao dia, exceto na presença de síndrome de Zollinger Ellison.

4. Pacientes com doença do refluxo gastroesofágico complicada, como aqueles com história de esofagite erosiva grave (sintomáticos com esofagite grau C e D de Los Angeles), úlcera esofagiana ou estenose péptica, geralmente, não devem ser considerados para retirada do IBP.

Leia também: Atualização do manejo da doença do refluxo gastroesofágico refratária

5. Pacientes com diagnóstico confirmado de esôfago de Barrett, esofagite eosinofílica ou fibrose pulmonar idiopática não devem ser considerados para suspensão de IBP.

6. Antes de tentar suspender o IBP, deve-se avaliar o risco de sangramento gastrointestinal alto.

7. Pacientes com alto risco de sangramento gastrointestinal alto não devem suspender o uso de IBP.  Podem ser considerados pacientes de alto risco para hemorragia digestiva alta: 1) pacientes com história de sangramento gastrointestinal alto prévia; 2) pacientes em uso de múltiplos antitrombóticos (anticoagulantes e antiplaquetários); 3) pacientes em uso de AAS ou AINE com fator de risco adicional para sangramento (idade superior a 60 anos, comorbidade grave, uso de corticosteroide, outro antitrombótico, ou combinação de AAS + AINE).

8. Pacientes que descontinuam o uso crônico de IBP devem ser avisados que podem desenvolver sintomas gastrointestinais altos transitórios devido a hipersecreção ácida rebote. Nesse caso, sugere-se o uso, conforme demanda, de antagonistas de receptor H2, antiácidos de contato, ou do próprio IBP. A persistência de sintomas por mais de 2 meses após a descontinuação do IBP é sugestiva da presença de uma indicação persistente para terapia com IBP.

Saiba mais: Qual papel dos IBP na progressão da displasia e evolução com adenocarcinoma no esôfago de Barrett?

9. Ao se optar pela suspensão do IBP, tanto a retirada abrupta quanto por desmame podem ser tentadas. A regressão da hiperplasia de células parietais e enterocromafins-like induzida por IBP pode demorar de 2-6 meses, motivo pelo qual, se optado pelo desmame, esse deve ser lento, minimizando o rebote ácido.

10. A decisão de descontinuar o uso de inibidor de bomba de prótons deve ser baseada somente na falta de uma indicação para o uso da medicação e não por temor de efeitos adversos. Até o momento, os estudos que relataram efeitos adversos com IBP são retrospectivos, não sendo possível inferir causalidade.

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