Como em 19 de maio foi celebrado o Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) vem alertando a população sobre a importância do Maio Roxo, mês de conscientização das DII. Vale lembrar que esses pacientes fazem parte do grupo de risco para a Covid-19.
No Brasil, os estudos epidemiológicos são escassos e restritos a determinadas regiões do país. Entretanto, segundo dados publicados na tese de pós-graduação do médico Rodrigo Gasparini, pela Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB/Unesp), do campus de Botucatu, a prevalência de DII no estado de São Paulo, por exemplo, é de 52,5 casos/100 mil habitantes, desses, 53,8% são portadores de retocolite ulcerativa e 46,2% de doença de Crohn.
Já de acordo com a SECURE-IBD (Surveillance Epidemiology of Coronavirus Under Research Exclusion), o número de casos notificados e confirmados de DII e Covid-19, até 12 de maio de 2020, chega a 1.074 casos no mundo inteiro. O Estados Unidos segue na frente, com 362 casos, seguido por Espanha com 182, França 86, Itália 62, Reino Unido 55, Irã 53, Bélgica 32, Alemanha 30 e Brasil com 20 casos.
Recomendações sobre a Covid-19
Saber quem é portador de DII é importante também para se proteger melhor da Covid-19. Os jovens, entre 20 e 40 anos, são os mais atingidos, seguidos por quem tem de 55 a 75 anos.
“Os pacientes com DII devem ser alertados, pois possuem imunidade rebaixada pela doença e a medicação utilizada. Devem fazer o isolamento social, evitar aglomerações, contato com amigos e até com parentes próximos”, ressalta o coloproctologista Carlos Walter Sobrado, mestre e doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Ambulatório de Doenças Intestinais Inflamatórias do Hospital das Clínicas da Fundação Faculdade de Medicina de São Paulo (FMUSP).
Ainda segundo o especialista, muitos pacientes com DII aguardam cirurgia. Isso é preocupante por conta dos riscos do desenvolvimento de uma infecção pulmonar grave dentro de um ambiente hospitalar.
“Deve-se ter muito cuidado com os pacientes que fazem terapia combinada, uma vez que eles ficam expostos e propensos a infecções graves. O tratamento cirúrgico deve ser considerado quando estritamente necessário, e as cirurgias eletivas devem ser adiadas, conforme sugerido pela maioria das diretrizes cirúrgicas. Já para os pacientes que estão bem com o tratamento instituído, a recomendação é mantê-los em suas residências em isolamento social. A qualquer sinal de febre, tosse, coriza, dores no corpo e falta de ar devem ser orientados a procurar um atendimento especializado”, frisa Carlos Walter Sobrado.
Ele acrescenta que a existência de membros na família com DII aumenta as chances de um indivíduo sofrer o problema. “É importante ressaltar que, assim como fatores emocionais e psicológicos, a alimentação e o estresse podem agravar os sintomas Mas não causam o problema”, esclarece o coordenador do Ambulatório de Doenças Intestinais Inflamatórias do Hospital das Clínicas da FMUSP.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências bibliográficas:
- Incidência e Prevalência de Doenças Inflamatórias Intestinais no Estado de São Paulo – Brasil. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/152905/gasparini_rg_dr_bot.pdf?sequence=3
- SECURE-IBD. Coronavirus and IBD Reporting Database. Disponível em: https://covidibd.org/
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