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Gastroenterologia28 janeiro 2022

Complicação pulmonar pós-bariátrica 

Felizmente a taxa de complicações pós-bariátrica têm baixado com a maior expertise dos cirurgiões e profilaxias adotadas. 

Por Felipe Victer

As cirurgias bariátricas ainda permanecem como o método mais efetivo e duradouro para o tratamento da obesidade mórbida. Como qualquer outro procedimento cirúrgico, está sujeito a complicações, e como envolve uma população de pacientes já predisposta a efeitos indesejados pós-operatórios, os riscos podem se pronunciar. Felizmente a taxa de complicações pós-operatórias têm baixado com a maior expertise dos cirurgiões e profilaxias adotadas. 

As complicações pulmonares estão associadas a uma grande morbidade e devem a todo custo serem evitadas. O paciente obeso já está associado a maior índice de apneia e tromboembolismo pulmonar. Medidas antitrombóticas peri-operatórias são adotadas pela maioria dos centros de cirurgia bariátrica.

Leia também: A cirurgia bariátrica diminui o risco de câncer?

Complicação pulmonar pós-bariátrica 

Desenho do Estudo 

Estudo retrospectivo utilizando banco de dados de 2015 a 2019, envolvendo 800 instituições credenciadas na América do Norte. O objetivo foi comparar os pacientes que apresentaram complicação pulmonar nos 30 dias de pós-operatório, com aqueles que não apresentaram nenhum tipo de complicação respiratória. Somente foram selecionados pacientes submetidos a gastrectomia vertical ou by-pass em y-de-roux, aberta ou laparoscópica. Cirurgias de urgência ou revisionais foram excluídas. 

Resultados

A análise dos dados encontrou 751.952 pacientes submetidos aos procedimentos no período de observação. O índice de complicação pulmonar nesta população foi de 0,4% (3.105 pacientes). Entre as complicações podemos dividir da seguinte forma pela frequência: re-intubação 972 (0,1%), embolismo pulmonar 802 (0,1%), pneumonia 1.389 (0,2%), coma por hipercapnia 21 (0,0%) e ventilação prolongada 17 (0,0%). Naqueles que apresentaram complicações houve uma tendência de serem mais velhos (48 anos x 44 anos), maior IMC (47 x 45) e serem homens (p < 0,0001). Os pacientes com complicação pulmonar também apresentam um maior grau de dependência que aqueles que não apresentaram complicação (p < 0,0001). Também foi avaliado se as complicações pulmonares eram preditoras de outras complicações, como fístulas, questões cardíacas, infecção de sítio cirúrgico. 

Saiba mais: Refluxo e cirurgias bariátricas: qual o melhor procedimento?

A análise multivariada buscou determinar se a complicação pulmonar estaria associada às demais complicações e se seria uma preditora de mortalidade nos 30 dias pós-operatórios. A complicação pulmonar foi o mais importante fator independente para aumento da mortalidade com razão de chance de 47,1 (p < 0,0001), mesmo levando em consideração os fatores individuais. A detecção de uma fístula anastomótica foi associada a uma razão de chance de 3,4 (p < 0,0001), para mortalidade. 

Discussão 

Este estudo demonstrou que os pacientes que desenvolvem complicação pulmonar estão associados a um aumento de quase 50 vezes na mortalidade, sendo este muito superior às complicações isoladas como fístulas e até mesmo sangramentos da linha de sutura. Também foi demonstrado que os pacientes com maior comodidades, dependência funcional e idade mais avançada possuem um maior risco de desenvolverem complicações pulmonares. Isto é muito importante na detecção desta população com maior risco e assim medidas protetoras devem ser adotadas.

O uso de espirometria incentivada no pré-operatório é classicamente indicada em diferentes centros para melhorias pré-operatórias, no entanto estudos randomizados falharam em demonstrar benefício na população de pacientes submetidos a procedimentos bariátricos.

A natureza retrospectiva deste estudo dificulta a subanálise das diferentes complicações pulmonares e assim impede conclusões mais robustas.

Em conclusão, a complicação pulmonar, apesar de rara, está associada a um aumento de praticamente 50 vezes na mortalidade em 30 dias e os pacientes com mais comorbidades e dependentes são os mais afetados.

Para Levar para Casa 

A complexidade do evento pulmonar adverso vem corroborar que o paciente para ser submetido a procedimento bariátrico deve ser otimizado em todos os aspectos. Para isso, é imperativo uma equipe multidisciplinar de forma a individualizar o tratamento e determinar alguma terapêutica agressiva antes mesmo do procedimento operatório.

Referências bibliográficas:

  • Jogiat U, Mocanu V, Birch DW, Switzer NJ, Turner SR, Karmali S. Pulmonary Complications Are a Strong Independent Predictor of 30-Day Mortality Following Elective Bariatric Surgery. Obes Surg. 2022 Jan 24. doi: 10.1007/s11695-021-05882-0
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