Características dos pacientes com doenças inflamatórias intestinais no Brasil
Estudo analisou dados adquiridos através do Cadastro Nacional de Pacientes com DII da Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite (GEDIIB) para traçar o perfil e identificar os fatores associados à gravidade da doença em pacientes com doenças inflamatórias intestinais (DII).
Segundo o estudo a prevalência de DII tem crescido em países em desenvolvimento, o que pode ser explicado por mudanças no estilo de vida, como consumo de alimentos ultraprocessados, fumo, sedentarismo, estresse e questões ambientais como poluição. Contudo, a falta de dados de âmbito nacional dificulta o trabalho de prevenção e tratamento efetivo da população afetada.
A fim de abordar essa lacuna, Fróes e colaboradores realizaram uma análise populacional com o objetivo de estratificar a gravidade da DII de acordo com dados de hospitalização prévia, medicamentos biológicos utilizados, necessidade de cirurgia devido a colite ulcerativa e doença de Crohn e complicações anteriores relacionadas.
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Alguns dados apresentados no estudo
Foram selecionados 1.179 pacientes (59% mulheres), 51% com diagnóstico de colite ulcerativa, 48% com doença de Crohn e 0,9% com DII não identificada. A maioria vinda da região sudeste (72,3%) e tendo recebido o diagnóstico entre 17 e 40 anos de idade (63,1%), com média de 3,85 anos entre o início dos sintomas e a confirmação do diagnóstico.
A análise de IMC classificou 3,9% como subnutridos, 30,9% com sobrepeso e 18% como obesos. As manifestações extraintestinais mais comuns foram reumáticas (21%), dermatológicas (4,2%), hepáticas (2,6%), nefrológicas (2,1%), e oftalmológicas (0,9%).
Sobre o tratamento, 72,4% utilizavam medicamentos biológicos, 73,1% salicilatos, 51,6% imunossupressores e 0,9% tofacitinibe.
A necessidade de cirurgia foi maior em pacientes com doença de Crohn (76,9%) do que em pacientes com colite ulcerativa (22,1%), além disso mais de 30% dos pacientes precisaram de mais de uma cirurgia.
Complicações foram relatadas em 62% dos pacientes, a maioria envolvendo quadros infeciosos, e 72% das pessoas envolvidas na análise apresentavam alguma comorbidade.
Fatores associados à gravidade da doença
Para pacientes com doença de Crohn, o estudo identificou perfil com uma chance de 56% para apresentar complicações: comportamento estenosante ou penetrante da doença, localização colônica, paciente jovem, manifestação extraintestinal reumática, sem comorbidade, não fumante e do sexo masculino.
Considerando aqueles com colite ulcerativa, a presença de colite extensa, menor idade quando do diagnóstico, histórico familiar de câncer colorretal, manifestação extraintestinal reumática, sexo masculino, ausência de comorbidade e o paciente não ser fumante geraram uma média de 55,64% para possibilidade do paciente precisar de medicamentos biológicos.
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.
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