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Formação11 abril 2019

Como é a residência em Clínica Médica do Hospital das Clínicas da FMUSP?

O Programa de Residência em Clínica Médica do Hospital das Clínicas da FMUSP é reconhecido pela sua qualidade e pelo nome da Instituição. Saiba mais:

Por Hassan Rahhal

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O Programa de Residência em Clínica Médica/Medicina Interna ((PRM) do Hospital das Clínicas da FMUSP é bastante reconhecido pela sua qualidade e pelo nome da Instituição ao qual é vinculado. O programa é supervisionado por professores experientes e dedicados em aprimorar os processos seletivo e educacional, e conta com residentes oriundos de diversas faculdades de todo o país e interessados em uma formação de qualidade.

Residência Médica

Processo Seletivo

A seleção pública de residentes é organizada pela Comissão de Residência Médica (COREME) e sempre publicada no site oficial. O processo consiste em uma primeira fase com prova teórica, formada por 100 questões de múltipla escolha e cinco subjetivas, com respostas curtas. Em seguida, os aprovados realizam a prova prática. Nesta etapa da avaliação, o indivíduo passa por cinco estações em formato de OSCE (“Objective Structured Clinical Evaluation”), cada uma possui um avaliador que preencherá o checklist padronizado para gerar a nota final do candidato.

Após esse processo, há uma análise e arguição do currículo, a partir de entrevistas. Como o momento é de responsabilidade de cada disciplina, falaremos apenas do PRM de Clínica Médica.

A entrevista é realizada com múltiplas tarefas que ocorrem simultaneamente. Os candidatos realizam uma checagem da pontuação atribuída ao currículo, enviado previamente pela plataforma digital do processo seletivo, e podem falar um pouco sobre sua formação. Também são aplicadas duas ferramentas internacionalmente utilizadas para seleção de graduandos e residentes, o SJT (“Situational Judgment Test”) e o MMI (“Multiple Mini-Interview”).

Ambos são compostos por situações de conflitos ou dilemas éticos, não restritos à área médica: o SJT é aplicado como um formulário digital, onde o candidato deve selecionar como ele agiria diante de uma situação; e o MMI é aplicado com diferentes entrevistadores, permitindo que o candidato possa demonstrar seus atributos ao longo de vários minutos.

A Residência Médica (RM)

O residente passará por diferentes estágios práticos no R1 e no R2. A maioria dos estágios tem duração de um ou dois meses; alguns têm característica longitudinal. Além disso, há uma programação teórica a ser cumprida.

O programa teórico constitui a menor parte da RM – e é assim que deve ser! a residência médica é um treinamento em serviço –, é composto por encontros semanais, com duração de 1 hora, organizados pelo Professor Titular com auxílio de preceptores, onde discute-se um diferente tema por semana. Ele é cuidadosamente planejado para que os assuntos não se repitam ao longo de dois anos. Há também um encontro mensal, também com duração de uma hora, organizado pelo Departamento e são discutidos temas das diferentes subespecialidades clínicas. Cada estágio também possui um programa teórico associado.

Os estágios longitudinais são compostos por ambulatórios no R1 e no R2, onde cada residente possui a própria agenda de atendimento, o que permite continuidade no cuidado fornecido ao paciente, assim como do raciocínio clínico estabelecido.

Os estágios mensais do R1 são:

  • Ambulatório Geral Didático: imersão na atividade ambulatorial, com enfoque investigativo e de compensação de doenças; realização de oficinas de diferentes formatos;
  • Enfermaria do HU: enfermaria de um hospital secundário;
  • Pronto-Socorro do INCOR: atuação em atendimentos cardiológicos em urgência e emergência;
  • Pronto-Socorro da Neurologia: enfoque no desenvolvimento de competências neurológicas e no cuidado dos pacientes com AVC;
  • Pronto-Socorro Médico: avaliação de pacientes nos consultórios do PS do HCFMUSP;
  • Unidades Intensivas: manejo de pacientes críticos predominantemente clínicos;
  • Eletivos: dois meses em algumas subespecialidades clínicas.

Os estágios mensais do R2 são:

  • Perioperatório: avaliação de risco de pacientes antes das cirurgias e interconsultas clínicas pelo hospital;
  • Paliativos ICESP: atuação na equipe de cuidados paliativos do Instituto do Câncer;
  • Enfermaria do HCFMUSP: atenção aos pacientes internados na enfermaria de Clínica Médica do HC;
  • Núcleo de Atenção Domiciliar: realização de visitas domiciliares com equipe do HCFMUSP em pacientes frágeis;
  • Infectologia: atuação em ambulatórios e enfermaria de Infectologia do HCFMUSP, junto com residentes da especialidade;
  • Pronto-Socorro Médico: avaliação dos pacientes na sala de emergência do PS do HCFMUSP;
  • Pronto-Socorro do HU: avaliação dos pacientes na sala de emergência do PS do HU;
  • Unidades Intensivas: manejo de pacientes críticos em unidades específicas do HCFMUSP;
  • Eletivo: dois meses

Além disso, também se oferece um ano adicional de Clínica Médica (R3), a partir de uma outra prova de seleção.

O R3 tem por característica desenvolver competências de maior complexidade no cuidado de pacientes internados e habilidades de comunicação e educação médica. Sendo assim, também possui um programa teórico específico para desenvolvimento de competências em educação médica.

Os estágios mensais do R3 são:

  • Ambulatório Geral Didático: discutidor de casos com internos e R1;
  • Gestão Hospitalar: acompanhar atividades de gestão e desenvolver um plano de aprimoramento do serviço;
  • Perioperatório: avaliação de risco de pacientes antes das cirurgias e interconsultas clínicas pelo hospital;
  • Paliativos do HC: avaliação com equipe de paliativos do HC, indo além da paliação na Oncologia;
  • Enfermaria de Cuidados Compartilhados Clínico-Cirúrgicos: enfermaria específica para pacientes com perfil cirúrgico associado, mas que necessitam de maiores cuidados clínicos;
  • Eletivo: um mês.

Prós e Contras

O PRM de Medicina Interna da USP é desenvolvido de acordo com a visão da Supervisão, o que o torna diferenciado de muitos outros programas de residência do país. Na USP, entende-se que a formação do Especialista em Medicina Interna não deve ser realizada a partir de vários estágios em subespecialidades, como se houvesse uma “fatia” do clínico que pertencesse à cardiologia, outra à endocrinologia, uma terceira à reumatologia, e assim sucessivamente. Nasce o bom clínico da atuação verdadeiramente generalista do médico que cuida do paciente como um todo indivisível, em seus diversos campos de ação: ambulatório, enfermaria, serviço de pronto-atendimento e centros de terapia intensiva

Em que pese a benesse da visão do generalista em seu conceito mais amplo, talvez também esta seja uma das maiores intempéries a qual o residente de Clínica Médica do HCFMUSP está submetido. Por sempre encontrar não casos apenas de uma subespecialidade, mas de várias em um mesmo ambiente, é difícil organizar apropriadamente uma rotina de estudos que concilie uma abordagem segmentar dos conteúdos de Medicina Interna e a ampla variedade de casos clínicos que o médico está atendendo naquele estágio.

A supervisão do residente em boa parte dos estágios é bastante intensa, permitindo o cuidado do paciente e o desenvolvimento do residente com segurança. Nesse sentido, alguns profissionais da Instituição também são comprometidos em conversar com os residentes e dar “feedbacks” sobre o que se pode melhorar. É válido ressaltar, porém, que algumas pessoas chegam com a expectativa de supervisão e programação teórica de suas Instituições de origem, onde existem grandes reuniões clínicas para discussão de casos internados e que acabam se tornando excelentes aulas por pessoas de maior destaque (conhecidos como “grand rounds” em outros países). Isso não é um hábito do HCFMUSP, onde as visitas são baseadas em evidências, na apresentação de artigos correlatos (na expectativa da leitura do material pelo residente) e na discussão direcionada às demandas do paciente.

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A RM é bastante exigente nos seus diversos momentos. Mesmo seguindo rigorosamente as 60 horas semanais máximas, o residente sente-se sobrecarregado e cansado em vários momentos. A autocobrança, a exigência explícita ou implícita da Instituição, o grande volume de pacientes e a alta carga de comorbidades destes contribuem para isso.

Se a atmosfera de cobrança (externa e própria) e sensação de “dever dar o melhor de si” reina entre os residentes, é grata surpresa o apoio dos colegas de trabalho que na maioria das vezes tornam-se família pelo apoio e crescimento conjunto frente às dificuldades impostas. Este ambiente de coleguismo que existe na residência de Clínica é agradável e dirime as asperezas do cotidiano.

Pelo renome do HCFMUSP, é normal que as pessoas tenham altas expectativas e que acreditem que tudo será perfeito no Hospital. Infelizmente, isso não é a realidade. Tanto o hospital quanto o PRM lidam com vários problemas, alguns compartilhados pelas várias unidades do SUS, outros intrínsecos às características locais. Alguns candidatos podem não se agradar com essas características e devem ter tudo isso em mente antes de selecionar a Instituição mais compatível com suas características e desejos.

Por outro lado, a seriedade das seleções e serviços desta instituição, o ambiente pleno de recursos humanos e técnicos e a preocupação central com a educação dos seus residentes tornam a USP – São Paulo uma das residências mais concorridas do país.

Quem estiver interessado em mais informações, poderá consegui-las por meio das páginas https://sites.google.com/hc.usp.br/residencia-medicina-interna/ ou no site oficial de Medicina Interna. Por fim, é importante lembrar que nenhum local é perfeito e que cada hospital e PRM terá suas dificuldades, mas também oferecerá grandes oportunidades para seu desenvolvimento.

Coautoria: Stone Sam (formado em Clínica Médica pelo HCFMUSP [recém-egresso]).

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