Por que os residentes estão infelizes?
A residência médica é um dos períodos de maior intensidade em aprendizado na carreira de um médico. Nesta fase, o médico experimenta o início da sua trajetória como especialista e descobre o dia-a-dia da profissão em sua real face. Com carga horária extenuante, pressão dos serviços por resultado, necessidade de estudar para complementar o conhecimento, …
A residência médica é um dos períodos de maior intensidade em aprendizado na carreira de um médico. Nesta fase, o médico experimenta o início da sua trajetória como especialista e descobre o dia-a-dia da profissão em sua real face. Com carga horária extenuante, pressão dos serviços por resultado, necessidade de estudar para complementar o conhecimento, esta fase torna-se estressante o que muita vezes impacta diretamente em todos os aspectos da vida profissional e pessoal.
Um estudo publicado pelo JAMA, no último dia 8 de Dezembro, apresentou que pelo menos um quarto dos residentes americanos sofrem de depressão ou sintomas depressivos. A revisão sistemática utilizou dados de mais 50 estudos, realizados entre 1972 e 2012, que entrevistaram mais 18.000 residentes.
A prevalência dos sintomas relacionados a depressão estave presente em 29% dos questionários respondidos, com aumento da prevalência ao longo o tempo. Essa prevalência é extremamente elevada, principalmente quando levamos em conta de que este tipo de sintoma está presente em aproximadamente 16% da população.
Apesar dos dados serem americanos, esta realidade não se distância muito do dia a dia do médico residente nacional. Imagine que além de confrontar toda a pressão e número de horas trabalhada (ao menos 60h/semana), este tipo de profissional ainda lida com questões institucionais, déficits estruturais e falta de insumos dos hospitais públicos, baixo salários e ausência de benefícios trabalhistas.
Esta situação conduz a insatisfação em conflito com a necessidade e desejo de aprendizado provido pela residência médica. O que vem aumentando o número de greves e paralisações em diversos hospitais de todo Brasil.
O período da residência médica conduz à formação de médicos especialistas, sendo fundamental para garantir a melhor qualidade destes profissionais que atuam na linha de frente do atendimento médico: o médico jovem. É necessária a identificação dos pontos negativos, desenvolvimento de medidas estratégicas e garantir que a formação de qualidade seja prioridade no nosso país.
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