O aumento global do diabetes tipo 2 (DM2) e das doenças cardiovasculares associadas representa um importante desafio de saúde pública. Estima-se que 537 milhões de pessoas tinham diabetes em 2021, número que pode chegar a 783 milhões até 2045.
Embora o controle de múltiplos fatores de risco reduza a incidência de complicações, apenas uma pequena parcela dos pacientes atinge simultaneamente as metas de HbA1c, pressão arterial e colesterol., seja por falta de conhecimento, baixa adesão ao tratamento, pouco suporte social ou limitações no sistema de saúde.
O uso de tecnologia, especialmente por meio de mensagens de texto, surge como uma estratégia promissora para fornecer informações, lembretes e motivação direta aos pacientes.
Metodologia
Esse é um ensaio clínico randomizado, publicado no JAMA Netwok Open em setembro de 2025, conduzido em cinco centros na China entre 2018 e 2022.
O objetivo foi avaliar a eficácia de uma intervenção por mensagens de celular no controle glicêmico e de fatores de risco cardiovascular em pacientes com DM2 não controlado.
Foram incluídos 819 adultos com DM2 não controlado e fatores de risco cardiovascular. Os participantes foram randomizados para receber cuidado usual (n=409) ou intervenção via mensagens de texto (seis mensagens semanais durante 12 meses) com conteúdo educativo e motivacional (n=410).
Desfechos principais foram: variação média da hemoglobina glicada (HbA1c), do colesterol LDL (LDL-C) e da pressão arterial sistólica (PAS) em 12 meses. Desfecho secundário foi o percentual de participantes com HbA1c controlada após 12 meses.
Resultados encontrados e discussão
A intervenção reduziu significativamente HbA1c (−2,8%), LDL-C (−11,1 mg/dL) e PAS (−2,5 mmHg).
As diferenças entre os grupos favoreceram a intervenção, com destaque para a HbA1c (−0,3%) e PAS (−2,4 mmHg, P = 0,001). A proporção de pacientes com HbA1c controlada foi maior no grupo intervenção (54% vs 46%, P = 0,04).
Conclusão
A intervenção baseada em mensagens de celular promoveu melhora modesta, porém significativa, no controle glicêmico e na pressão arterial em pacientes com DM2. Estratégias digitais simples e acessíveis podem ser uma ferramenta útil para o manejo dos fatores de risco cardiovascular nessa população.
Controlar os fatores de risco cardiovascular modificáveis é importante, mas ainda pouco utilizado em pacientes com diabetes tipo 2 (DM2). Estratégias de intervenção baseadas em mensagens por celular podem ajudar a preencher essa lacuna, mas ainda faltam evidências sobre seus benefícios em múltiplos fatores de risco.
Autoria
Letícia Japiassú
Médica endocrinologista com Residência Médica em Clínica Médica pelo Hospital Municipal Souza Aguiar (2008) e especialização pela Associação Brasileira de Nutrologia (2020). Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2006).
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