USG muscular periférica para avaliação de paciente crítico em ventilação mecânica

O período prolongado de ventilação mecânica é um fator de risco importante para O período prolongado de ventilação mecânica é um importante fator de risco associado à fraqueza adquirida na unidade de terapia intensiva (UTI). 

A principal razão para esta fraqueza é a perda muscular durante uma doença crítica e a perda de massa magra mostra-se clinicamente deletéria e associada a pior prognóstico nesses pacientes, com grande impacto da qualidade de vida após a alta hospitalar. 

O grande desafio está na forma de quantificar com acurácia a perda muscular em pacientes de terapia intensiva. Medidas antropométricas não são capazes de medir essa perda muscular e exames de imagem não são formas práticas para serem usadas rotineiramente nesses pacientes. 

Uma forma não invasiva e possível de ser realizada a beira leito para essa avaliação é a ultrassonografia (USG), onde a medida de espessura de quadríceps tem sido mostrada como bom substituto para quantificação de tecido muscular esquelético sendo mais fácil de medir do que a área transversal muscular. 

O objetivo do presente estudo é determinar a perda muscular (usando USG) em pacientes críticos por sete dias e a relação entre perda de espessura muscular de quadríceps, tempo de ventilação mecânica e probabilidade de sobrevivência hospitalar em pacientes criticamente doentes. 

Metodologia

Esse é um estudo prospectivo unicêntrico de observação investigativa conduzido entre novembro de 2016 e julho de 2018 em um hospital terciário. Foram incluídos adultos (>= 18 anos) admitidos na UTI com tempo previsto de ventilação mecânica por pelo menos 48 horas. Foram excluídos pacientes com doença neuromuscular conhecida, como miopatia, neuropatia ou acidente vascular cerebral, aquelas com amputação de membros inferiores, submetidos à cirurgia ortopédica do membro inferior, que necessitam de ventilação domiciliar, em prona, que transferiram de outro hospital após permanência >48 horas, com tempo de extubação <48h, tempo de internação <48h e os que se recusaram a participar.  

Resultados encontrados e discussão

Medidas da espessura de musculatura de quadríceps por USG foi realizada em 74 pacientes, com idade média de 62.3 ± 19.5 anos, 54,1% homens e IMC de 25.5 ± 4.6 kg/m2. E foi observado que as medidas de espessura de quadríceps femoral diminuiu rapidamente do primeiro ao sétimo dia de internação em UTI. 

No geral, a porcentagem de espessura muscular avaliada pela USG do primeiro ao sétimo dia diminuiu 15% (IC 95%, 10,5%e19,4%) e 12,7% (IC 95%, 9,1%e16,3%) nas pernas direita e esquerda, respectivamente. 

Este estudo mostrou que o USG pode ser usado para mostrar a perda da espessura do músculo quadríceps entre pacientes que necessitaram ventilação por pelo menos 48 horas na UTI e que pacientes com maior perda muscular tiveram maior tempo de ventilação mecânica. 

Conclusão

Entre esses pacientes gravemente enfermos sob ventilação mecânica, ocorreu perda muscular durante a primeira semana da doença crítica. O USG pode potencialmente identificar pacientes em risco de piores desfechos hospitalares. A diminuição da espessura muscular foi associada com tempo de ventilação mecânica prolongado.