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Endocrinologia11 junho 2025

Tirzepatida vs. semaglutida na perda de peso em diabéticos tipo 2

Revisão sistemática compara tirzepatida e semaglutida no tratamento da obesidade em pacientes com diabetes tipo 2.

A obesidade é uma doença crônica e considerada uma epidemia no mundo todo, sendo associada com doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 (DM2), diversos tipos de cânceres, doença renal crônica, doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica e até transtornos mentais.  

O tratamento atual para obesidade e sobrepeso inclui mudanças no estilo de vida, medicamentos e cirurgias. Considerando seus efeitos prejudiciais à saúde individual e seu amplo impacto na sociedade, há grande interesse no desenvolvimento de terapias para combater a obesidade e o DM2 e suas sequelas. 

Os agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1RAs) surgiram como um tratamento promissor para o DM2, com um efeito notável na perda de peso por meio da redução do esvaziamento gástrico, inibição do glucagon e estimulação dos receptores centrais que modulam a supressão do apetite e o gasto energético. Semaglutida e liraglutida estão aprovados para o tratamento da obesidade, além do controle glicêmico. Tirzapatida, o novo agente, mostra similar (ou até maior) efeito tanto no controle da glicemia quanto na perda de peso e seu mecanismo de ação inclui um agonismo duplo no GLP-1 e nos receptores de polipeptídeos insulinotrópicos dependentes de glicose (GIP), esse duplo agonismo provocando maior impacto na perda de peso. 

Metodologia 

Esta revisão sistemática compara a eficácia de dois análogos do receptor de GLP-1 (GLP-1RAs): tirzepatida e semaglutida, com seus efeitos na perda de peso e seus respectivos perfis de segurança.Foram analisados quatro estudos comparativos (2 ECRs/2 não ECRs) entre tirzepatida e semaglutida, com um total de 28.827 pacientes (14.870 tirzepatida/13.928 semaglutida), uma idade média de 55,7 anos e um acompanhamento médio de 35,9 semanas. 

Resultados encontrados e discussão 

As principais descobertas deste estudo foram que a tirzepatida demonstrou maior perda média de peso do que a semaglutida, mas com uma maior taxa de eventos adversos, principalmente eventos adversos gastrointestinais. Os efeitos colaterais foram mais comuns nos grupos com tirzepatida de 10 e 15 mg. 

Entretanto, sugere-se que as diferenças nas características basais e nas metodologias dos estudos contribuíram para a variabilidade nos resultados de perda de peso entre tirzepatida e semaglutida; além disso, as doses de semaglutida foram menores que as usadas no tratamento do DM2 ou obesidade e isso pode ter impactado os resultados. 

Conclusão 

A obesidade é um problema de saúde pública mundial e um fator de risco para diversas doenças. Por isso, tanto a prevenção quanto o tratamento a obesidade são importantes para melhorar desfechos na saúde e qualidade de vida dos pacientes e também reduzir custos.  

A literatura atual corrobora a demonstração de que a tirzepatida tem um impacto maior na perda de peso do que a semaglutida, com ambas apresentando altas taxas de eventos adversos de gravidade mínima a moderada. 

O número limitado de estudos comparativos diretos e os períodos de acompanhamento relativamente curtos impedem uma conclusão definitiva da superioridade da tirzepatida sobre a semaglutida. Pesquisas futuras devem se concentrar em ensaios clínicos maiores, de longo prazo e comparativos para confirmar essas descobertas e fornecer dados mais robustos sobre a eficácia comparativa desses medicamentos na perda de peso e seus perfis de segurança. 

Em última análise, esses resultados enfatizam a necessidade de garantir a manutenção da perda de peso, independentemente do medicamento que o indivíduo toma. 

Veja também: Semaglutida no Diabetes tipo 1?

Autoria

Foto de Letícia Japiassú

Letícia Japiassú

Médica endocrinologista com Residência Médica em Clínica Médica pelo Hospital Municipal Souza Aguiar (2008) e especialização pela Associação Brasileira de Nutrologia (2020). Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2006).

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