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Endocrinologia19 junho 2025

Terapia antirreabsortiva e implantes dentários em pacientes com osteoporose

Uma força tarefa do AACE realizou uma revisão sistemática sobre o tema e publicou um consenso com recomendações baseadas em evidências.
Por Erik Trovão

A colocação de implantes dentários é comum em adultos mais idosos, um grupo com alta prevalência de osteoporose e consequente uso de terapias antirreabsortivas, como bifosfonatos (BP) e denosumabe (Dmab). Essas terapias são eficazes na prevenção de fraturas osteoporóticas, porém levantam preocupações quanto à sua associação com osteonecrose de mandíbula (ONM) e com uma possível falha na osseointegração dos implantes. Neste contexto, uma força tarefa do AACE realizou uma revisão sistemática sobre o tema e publicou um consenso oferecendo recomendações baseadas nas evidências disponíveis. Entre as perguntas para as quais foram buscadas respostas pelos autores, destacamos as seguintes: 

Os antirreabsortivos interferem na osteointegração de implantes? 

Estudos animais mostram benefícios iniciais na osseointegração, mas com necrose associada ao uso sistêmico prolongado. Em humanos, não há evidência robusta que relacione o uso de BP ou Dmab com falha de implantes. Metanálise mostrou risco relativo (RR) de falha de 0,82 (IC95%: 0,52–1,28), com evidência de baixa qualidade. Portanto, mais evidências são necessárias para uma resposta definitiva à esta questão. 

A duração da terapia antirreabsortiva tem relação com o risco de ONM? 

O tempo médio antes do desenvolvimento de ONM em torno de implantes dentários é de cerca de 4,8 anos (com variação de 3 a 120 meses). Porém, a variabilidade do tempo médio e a ausência de ensaios clínicos robustos impedem a definição de uma relação temporal clara. 

Quais os fatores de risco adicionais para a ONM? 

Comorbidades como diabetes, artrite reumatoide e câncer, uso crônico de medicamentos, como corticosteroides e inibidores de bomba de prótons, além de má higiene oral e tabagismo, aumentam o risco de ONM.  

Há diferenças entre BP e Dmab no risco de ONM? 

Não existem estudos comparativos diretos entre BP e Dmab quanto ao risco de ONM.  

Há benefícios de suspender a terapia antirreabsortiva antes da cirurgia? 

Não há evidência de benefício em interromper BP ou Dmab antes da colocação de implantes. Deve-se lembrar que os BP mantêm efeito residual, de forma a não fazer sentido a suspensão. No caso do Dmab, em especial, a interrupção é contraindicada devido ao risco de perda de massa óssea de rebote e fraturas vertebrais múltiplas.

Há valor no uso de agentes anabólicos nesses pacientes? 

Faltam dados clínicos sobre o uso profilático de drogas osteoformadoras (como teriparatida) antes ou após implantes em pacientes previamente tratados com antirreabsortivos. Porém, relatos de caso indicam possível benefício terapêutico para tratamento de ONM. 

Percebe-se, portanto, que as evidências atuais são bastante limitadas, um possível reflexo da raridade do surgimento de ONM em pacientes que fazem tratamento da osteoporose com antirreabsortivos. De qualquer modo, as poucas evidências atuais sugerem que a terapia antirreabsortiva para osteoporose não está associada ao aumento da falha de implantes dentários e não há justificativa para interrupção da terapia, especialmente com denosumabe, antes do procedimento. A decisão clínica deve considerar risco-benefício individualizado, com ênfase em higiene oral, monitoramento regular e atenção a comorbidades. O artigo reforça a necessidade de estudos prospectivos de longo prazo. 

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