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Endocrinologia27 junho 2024

Sexo, raça e IMC em ensaios clínicos de medicamentos para obesidade

A obesidade é uma doença crônica, de caráter recidivante e que tem sua incidência em ascensão nos últimos tempos, tornando-se um problema de saúde pública a nível global. 

Baseado na relevância do tema, a revista Lancet lançou recentemente uma revisão que abordou os parâmetros de sexo, raça ,idade e IMC em ensaios clínicos de medicamentos para obesidade nas últimas 3 décadas. Segue abaixo um resumo dela. 

Sexo, raça e IMC em ensaios clínicos de medicamentos para obesidade

Introdução 

A obesidade é uma condição caracterizada pelo excesso de tecido adiposo gerando prejuízo na saúde do indivíduo. Apesar de grandes avanços no entendimento dessa complexa doença, poucas medicações avançaram a fase 3 de estudos clínicos. 

Sexo, raça e idade são fatores demográficos que podem influenciar a exposição/resposta das medicações e, consequentemente, o tratamento da obesidade. 

O objetivo da revisão foi quantificar as características demográficas iniciais de índice de massa corporal (IMC), sexo, idade e raça em estudos clínicos randomizados (ECR) ao longo de três décadas para estabelecer se a população estudada nos ensaios de farmacoterapia para obesidade é representativa da população global afetada pela obesidade. 

Metodologia

Foram pesquisadas 12 medicações (orlistate, naltrexone-bupropiona, topiramato-fentermina, liraglutida, semaglutida, lorcaserina, sibutramina, rimonabanto, taranabanto, tirzepatida, retatrutida e orforglipron) para obesidade em base de dados eletrônicos no período de janeiro de 1999 a novembro de 2023. 

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Os critérios de inclusão para os ECR foram: participantes com idade igual ou superior a 18 anos com IMC > 30 kg/m² ou com IMC > 27 kg/m² com complicações relacionadas a obesidade. Já os critérios de exclusão foram estudos com população pediátrica, participantes com IMC  < 27 kg/m² , estudos não randomizados, estudos com obesidade monogênica, que não foram publicados em inglês ou duplicados/somente com resumo. 

Resultados

Após análise dos critérios de exclusão, restaram 246 estudos avaliados. 

A média de IMC dos pacientes foi de 35,2 kg/m². Todas as classes de obesidade foram avaliadas nos estudos de pacientes sem diabetes mellitus tipo 2, porém a população de IMC superior a 45 kg/m² foi sub-representada. A análise também não mostrou diferença significativa entre os sexos. 

A idade média dos participantes dos estudos foi de 46,3 anos e nos participantes que usavam medicações para obesidade, ela se manteve estável nas últimas três décadas. 

Discussão/Conclusão: ensaios clínicos de medicamentos para obesidade

Apesar do aumento da incidência da obesidade e de um aumento desproporcional de pessoas com IMC superior a 40 kg/m² nas últimas três décadas, não foi encontrada mudança no IMC médio dos participantes incluídos nos ECR de medicamentos para obesidade no mesmo período. 

A maioria dos participantes dos ECRs eram brancos (82,7%) e mulheres (54,1%). A idade média foi 46,3 anos (SEM 0,5) e 13.477 (9,7%) participantes avaliados nos ensaios tinham diabetes mellitus tipo 2. 

Participantes do sexo feminino parecem perder mais peso do que os do sexo masculino em ensaios de medicamentos para obesidade, sendo sugerido por alguns autores que a concentrações séricas das medicações para obesidade tendem a ser maiores nas mulheres. 

Em suma: Na era do tratamento da obesidade como uma doença, é preciso que a inclusão e o acesso ao tratamento se façam presentes. Aumentar a variação no recrutamento para capturar um número representativo mais preciso de pessoas com obesidade aumenta a generalização dos resultados. Atenção especial deve ser dada à população de idosos, não brancos e de pacientes com IMC > 40 kg/m², visto que são subpopulações pouco estudadas. 

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Referências bibliográficas

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