Saúde óssea em adultos com obesidade antes e após intervenções para perda de peso
A obesidade e suas comorbidades associadas são um grande problema de saúde pública a nível mundial.
Baseado na importância das vertentes desse tema tão abrangente, a Lancet lançou recentemente uma revisão que aborda a saúde óssea em adultos com obesidade antes e depois das medidas terapêuticas para perda ponderal. Segue abaixo um breve resumo dela.
Introdução
As fraturas afetam uma sob população importante de obesos e são frutos da redução da redução da resistência óssea em relação ao aumento da carga mecânica, gerando fragilidade óssea e aumento da chance de quedas. Em pessoas com obesidade, as fraturas mais comuns são as de perna e tornozelo.
Os fatores de risco para fraturas em pessoas com obesidade são similares ao da população geral e incluem: história prévia de fratura, menopausa precoce, presença de comorbidades, capacidade física reduzida, deficiência de vitamina D e hipogonadismo masculino.
A obesidade frequentemente é acompanhada de estilo de vida sedentário, reduzindo a força muscular e gerando sarcopenia. Tal fato é associado a elevada morbimortalidade devido ao elevado risco de fragilidade e quedas.
Sendo assim, como manejar a saúde óssea em adultos com obesidade?
As medidas gerais recomendadas são: estímulo a aumento a mobilidade física, cessação de tabagismo, redução do consumo de álcool e aporte dietético diário adequado de cálcio.
Ainda há poucas evidências se os indivíduos com obesidade se beneficiariam de medidas farmacológicas antifraturas, visto que poucos estudos incluem essa subpopulação.
Para manejo da obesidade, deve-se estimular mudança do estilo de vida com dieta e atividade física regular, além de medicações e cirurgia bariátrica quando há indicação.
Alguns estudos já demonstraram que a redução de peso em indivíduos com restrição calórica ou em adição com atividade física aeróbica, tiveram elevação nos níveis de marcadores ósseos e redução da massa óssea na densitometria.
Apesar disso, outros estudos também apontaram que atividade física de resistência supervisionada combinada com ingesta diária adequada de cálcio, vitamina D e proteínas, podem proteger contra a perda de massa óssea durante a perda de peso com restrição calórica em pacientes com obesidade.
Para os indivíduos submetidos à bariátrica, essa perda de massa óssea pode ser ainda mais significativa devido à magnitude da perda ponderal, malabsorção intestinal e modificações metabólicas e endócrinas pós cirurgia.
Em relação à terapia farmacológica, a eficácia das drogas antirreabsortivas como forma preventiva de fraturas em pacientes pós bariátrica ainda é desconhecida.
Já em relação aos análogos do GLP-1, alguns estudos mostram que essa classe medicamentosa pode ser benéfica para o osso, apesar da perda ponderal que ela causa.
Em suma, as fraturas em indivíduos com obesidade são uma grande preocupação global.
A fisiopatologia ainda carece ser bem estabelecida, porém já se sabe que as comorbidades associadas a obesidade aumentam o risco de fraturas. Com o advento das medicações para obesidade e da cirurgia bariátrica, um grande interesse foi desperto para saber como elas afetam a saúde óssea. Alguns efeitos da bariátrica são bem estabelecidos como citados acima, porém os efeitos das terapias incretinomiméticas ainda precisam ser elucidados.
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