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Endocrinologia23 junho 2020

Quais doenças endócrinas podem estar associadas à obesidade?

Algumas doenças endócrinas podem se apresentar com ganho de peso, assim como a própria obesidade pode alterar alguns sistemas endócrinos.

A obesidade é uma doença crônica bastante prevalente em todo o mundo e associada ao elevado risco cardiovascular por estar associada a doenças como diabetes mellitus e hipertensão arterial.

Porém, uma dificuldade frequente enfrentada pelos endocrinologistas é que algumas doenças endócrinas podem se apresentar com ganho de peso, assim como a própria obesidade pode alterar alguns sistemas endócrinos. Sendo assim a definição de causa e efeito por vezes é desafiadora.

Doenças endócrinas e obesidade

A seguir, algumas relações entre obesidade e doenças endócrinas:

  • Hipotireoidismo: a prevalência de obesidade em pacientes com obesidade é de, em média, 14%. Sabe-se que uma das manifestações clínicas do hipotireoidismo clínico é o ganho de peso, que costuma ser modesto. Uma das hipóteses é que o déficit hormonal reduz a taxa metabólica basal – a TMB – que é, de forma didática o quanto o nosso corpo gasta de energia em repouso.

Contudo, não se pode dizer que esta alteração seja a única responsável, uma vez que estudos em animais mostram que baixa TMB não necessariamente implica em ganho de peso. A outra possibilidade é o ganho de peso por retenção hídrica e salina pelos rins. De qualquer forma, ambas as alterações são reversíveis com o tratamento e, portanto, não são causas permanentes de obesidade.

Leia também: Obesidade aumenta risco de complicações na infecção pelo novo coronavírus?

  • Hipercortisolismo: a síndrome de Cushing, condição caracterizada pelo excesso de cortisol, seja por doença hipofisária ou adrenal comumente leva a ganho de peso. Por outro lado, a obesidade está relacionada a aumento da atividade do eixo hipotálamo-hipófise adrenal com um levando a um estado de hipercortisolismo chamado de “pseudo-Cushing”. Sendo assim, a pesquisa de síndrome de Cushing através de exames específicos será feita caso existam sinais e sintomas clínicos de alta suspeição.

  • Hipogonadismo masculino: a redução na síntese de testosterona promove alterações na composição corporal, com ganho de massa gorda. Porém, a própria obesidade pode levar à disfunção gonadal, tanto que, quando há perda ponderal, pode haver reversão do quadro. Contudo, naqueles de fato com hipogonadismo (clínico e laboratorial), a reposição de testosterona, não havendo contra-indicações, pode ser feita.
  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP): esta condição afeta entre 9 e 25% das mulheres com obesidade, tendo como um dos mecanismos fisiopatológicos a resistência à ação da insulina. Inclusive a perda ponderal faz parte do tratamento. Entretanto não se deve rastrear SOP a não ser que existam sinais e sintomas clínicos como hirsutismo, acne, irregularidade menstrual ou infertilidade.
  • Deficiência de GH (hormônio do crescimento): não se recomenda o rastreio em pacientes obesos, uma vez que na obesidade severa a secreção deste hormônio é reduzida e se restabelece com a perda de peso.
  • Deficiência de vitamina D: não se recomenda a reposição de vitamina D como forma de melhorar a composição corporal ou alterações metabólicas; a exceção é nos pacientes que serão ou foram submetidos a cirurgia bariátrica, uma vez que a absorção da substância pode ser prejudicada após o procedimento.

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Em resumo, a obesidade pode levar a alterações hormonais, a maioria reversível com a perda de peso e algumas doenças endócrinas podem se apresentar com ganho de peso. Neste ultimo caso, porém o tratamento específico pode corrigir a questão, mas não deve ser encaradas como as únicas responsáveis pelo excesso de massa gorda uma vez que a obesidade é uma doença multifatorial.

Referências bibliográficas:

  • Wilding, JPH. Endocrine Testing in Obesity. European Journal of Endocrinology (2020) 182 C13-C15.
  • Blüher, M. Obesity: global epidemiology and pathogenesis. Nat Rev Endocrinol 15, 288–298 (2019).
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