A atividade física traz inúmeros benefícios à saúde, incluindo a redução do risco de doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer e mortalidade prematura.
Globalmente, estima-se que a atividade física insuficiente (menos que 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana, ou 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa ou combinações equivalentes de ambas), seja responsável por até 8% das doenças crônicas não transmissíveis e bilhões em gastos com saúde e perdas de produtividade a cada ano.
Infelizmente, um em cada três adultos em todo o mundo é insuficientemente ativo, e há tendências preocupantes de estagnação ou piora em muitos países.
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Metodologia
Este é uma revisão sistemática, publicada na revista Lancet Public Health em julho de 2025, que sintetizou a relação dose-resposta prospectiva entre passos diários e desfechos de saúde, incluindo mortalidade por todas as causas, doença cardiovascular, câncer, diabetes tipo 2, desfechos cognitivos, desfechos de saúde mental, função física e quedas.
Resultados encontrados e discussão
Três descobertas principais emergem desse estudo. Primeiro, mesmo contagens modestas de passos diários foram associadas a benefícios para a saúde. Segundo, 7.000 passos por dia foram associados a reduções consideráveis de risco na maioria dos desfechos, em comparação com a referência de 2 mil passos por dia. Terceiro, embora o risco tenha continuado a diminuir além de 7 mil passos por dia, ele se estabilizou em alguns desfechos. Notavelmente, a relação dose-resposta pode variar de acordo com os desfechos, a idade do participante e o tipo de dispositivo.
Nas metanálises, os riscos à saúde, em geral, continuaram a diminuir a cada incremento de 1 mil passos por dia na maioria dos desfechos, até a categoria mais alta analisável de 12 mil passos por dia. Apesar de a meta de 10 mil passos ter sido amplamente divulgada, os benefícios adicionais acima de 7 mil passos por dia mostraram-se pequenos e, em muitos desfechos, sem diferença estatística significativa.
As evidências mais recentes indicam que o risco para mortalidade, doenças cardiovasculares, câncer, demência e sintomas depressivos tende a diminuir progressivamente com o aumento do número de passos diários, até aproximadamente 12 mil passos por dia. Dessa forma, 7 mil passos diários configuram uma recomendação mais realista e alcançável para a maioria da população.
Importante ressaltar que mesmo contagens modestas de passos oferecem proteção: por exemplo, caminhar 4 mil passos por dia, em comparação a 2.000, associa-se a uma redução de cerca de 36% no risco de mortalidade por todas as causas.
Conclusão e mensagem prática
Embora 10 mil passos por dia ainda possam ser uma meta viável para aqueles mais ativos, 7 mil passos por dia estão associados a melhorias clinicamente significativas nos resultados de saúde e podem ser uma meta mais realista e alcançável para alguns.
Os resultados do estudo devem ser interpretados à luz de limitações, como o pequeno número de estudos disponíveis para a maioria dos resultados, a falta de análises específicas por idade e vieses no nível individual do estudo, incluindo fatores de confusão residuais.
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