ICO 2024: Câncer e obesidade
Na sexta feira, dia 28/06, aconteceu um simpósio no ICO sobre obesidade e câncer. Nas aulas foi discutido sobre as origens dessa relação, os tipos de câncer mais relacionados à obesidade, diferenças nesse risco entre homens e mulheres, assim como quais medidas podem reduzir esse risco.
Origem da relação entre obesidade e câncer
A primeira aula destacou três fatores principais nessa relação, que foram os níveis aumentados de leptina e endotrofina, duas adipocinas, assim como o processo inflamatório que acontece na obesidade. Considerando o papel da inflamação, o acúmulo de gordura visceral apresenta maior relação com a incidência aumentada de câncer em relação ao acúmulo de gordura subcutânea. Esses dois tecidos apresentam diferenças, com maior infiltração de células inflamatórias no tecido adiposo visceral.
A segunda aula, apresentou diferenças entre homens e mulheres, destacando fatores dessa associação em mulheres. Além da maior inflamação e liberação de adipocinas pró-inflamatórias, a obesidade está relacionada ao aumento de hormônios sexuais, como estrogênio e androgênios. Também foi comentado sobre outros mecanismos envolvidos, como alteração do microbioma e aumento da produção de insulina e IGF-1.
Diferenças entre homens e mulheres
Nas mulheres, o câncer de mama é o tipo de câncer mais associado à obesidade. No entanto, entre outros tipos, destaca-se também o câncer de endométrio. Nos homens, o câncer colorretal é o principal associado à obesidade.
Como podemos reduzir esse risco?
Estudos avaliando perda de peso com cirurgia bariátrica mostraram redução da incidência de câncer. A avaliação com cirurgia bariátrica se deve, principalmente, pela necessidade de uma avaliação de longo prazo com perda e manutenção do peso. No entanto, estudos com análogos de GLP-1 mostraram benefícios na redução de câncer colorretal. O estudo foi realizado com análogos de GLP-1 em pacientes com diabetes e obesidade, em comparação com outros tratamentos para diabetes.
Quanto aos padrões alimentares, existem alguns estudos controversos, provavelmente devido às dificuldades nesse tipo de estudo, porém com evidências de redução da incidência de câncer com dieta plant based e dieta do mediterrâneo. Da mesma forma, estudos observacionais mostraram benefício da prática de exercício físico. Em pacientes que já tiveram o diagnóstico de câncer, a aula apresentou estudos com redução da recorrência associada a melhora dos hábitos de vida.
Por fim, considerando a associação do acúmulo de gordura visceral com câncer, foi reforçada a necessidade de rastrear o acúmulo ectópico de gordura para realizar tratamento precoce e reduzir o risco de câncer.
Confira os destaques do ICO 2024!
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