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Endocrinologia3 dezembro 2025

Nova diretriz da SBD sobre rastreamento do DM tipo 1

Nova diretriz da SBD orienta rastreamento do DM1 com autoanticorpos. Saiba quem rastrear, quando e como aplicar na prática.
Por Erik Trovão

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) publicou em sua diretriz novas recomendações, desta vez direcionadas ao rastreamento do diabetes tipo 1 (DM1), uma estratégia essencial para identificar precocemente a autoimunidade contra as células beta pancreáticas, antecipando-se ao surgimento da hiperglicemia e das manifestações clínicas. Como a progressão do DM1 segue estágios bem definidos — começando pela presença de múltiplos autoanticorpos, avançando para a disglicemia e culminando no diabetes clínico — a detecção precoce permite estimar o risco individual e monitorar a evolução da doença. Essa antecipação reduz de maneira significativa a ocorrência de cetoacidose diabética ao diagnóstico, favorece a educação em diabetes e possibilita a inclusão de indivíduos em estudos clínicos ou futuras terapias imunomoduladoras capazes de retardar o início da hiperglicemia franca. Dessa forma, o rastreamento é considerado uma intervenção com forte racional biológico, clínico e de saúde pública.  

A primeira recomendação da SBD diz respeito ao perfil de indivíduos para quem deve ser indicada o rastreamento: parentes de primeiro grau de pessoas com DM1. Embora saibamos que 90% dos casos de DM1 não têm história familiar, os autoanticorpos que devem ser utilizados para o rastreio não são amplamente disponíveis, de modo que não temos ainda como expandir esta indicação para a população geral no Brasil. 

rastreamento dm tipo 1

Indicações 

Os autores indicam a dosagem de anti-GAD, anti-IA2/ICA512, anti-insulina e anti-ZnT8 a partir da idade de 2 e 4 anos, com repetições entre 6 e 8 e 10 e 15 anos. Em indivíduos ≥15 anos sem rastreamento prévio, considerar rastreamento único. No caso de os anticorpos serem negativos, a avaliação é considerada negativa. Se dois ou mais anticorpos positivos, o exame deve ser repetido para confirmar a alteração. 

Se confirmado, o paciente recebe o diagnóstico de DM1 e pode ser estratificado da seguinte forma: 

Estágio 1 – Dois ou mais autoanticorpos positivos, normoglicemia e ausência de sintomas.  

Estágio 2 – Dois ou mais autoanticorpos positivos, sem sintomas, mas com disglicemia sem critérios diagnósticos de diabetes (2A: se alterações discretas, próximas da normalidade / 2B: se alterações próximas aos critérios diagnósticos de diabetes).   

Estágio 3 – Critérios diagnósticos de diabetes mellitus, com ou sem sintomas (3A se assintomático / 3B se sintomático com necessidade imediata de insulina.   

Estágio 4 – DM1 de longa duração.   

Portanto, após o rastreamento ser considerado positivo, é preciso realizar exames para avaliação do status glicêmico do indivíduo. A disglicemia suficiente para diagnosticar o estágio 2 é definida pela presença de duas das seguintes alterações (ou pela repetição de uma delas confirmando a alteração): glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dl; glicemia 2 horas após teste oral de tolerância entre 140 e 199 mg/dl (ou maior ou igual a 200 mg/dl se medida em 30, 60 ou 90 minutos); HbA1c entre 5,7 e 6,4; aumento da HbA1c em 10% após 3 a 12 meses; monitorização contínua de glicose (CGM) mostrando 10% ou mais do tempo com a glicemia acima de 140 mg/dl. Este último critério deve ser confirmado com um exame diferente.  

Autoria

Foto de Erik Trovão

Erik Trovão

Formado em Medicina pela UFCG •Residência em Clínica Médica pelo HBLSUS/PE •Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo HAM-SUS/PE •Titulo de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela SBEM •Mestre em neurociências pela UFPE •Preceptor da Residência de Endocrinologia do HC/UFPE

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Referências bibliográficas

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