Logotipo Afya

Produzido por

Anúncio
Endocrinologia13 dezembro 2025

Nova diretriz brasileira de tratamento da obesidade publicada pela ABESO

Diretriz Brasileira de Tratamento Farmacológico da Obesidade foi publicada pela ABESO no mês de dezembro.
Por Erik Trovão

A ABESO publicou agora, no final de 2025, as recomendações da Diretriz Brasileira de Tratamento Farmacológico da Obesidade, que tem como objetivo padronizar a indicação, o monitoramento e a escolha de terapias farmacológicas na obesidade, a partir da integração de parâmetros clínicos, riscos cardiometabólicos e necessidades individuais. Embora o texto completo da diretriz só vá ser publicado no início de 2026, resumimos a seguir as principais recomendações do documento. 

 

A diretriz reforça que o tratamento farmacológico nunca deve ser isolado, sendo recomendado sempre em conjunto com intervenções de mudança de estilo de vida, incluindo aconselhamento nutricional e estímulo à atividade física, dada a forte evidência de benefício clínico combinado. E estabelece como indicação de farmacoterapia: indivíduos com IMC ≥ 30 kg/m² ou ≥ 27 kg/m² com complicações relacionadas à adiposidade. O tratamento medicamentoso também pode ser considerado independentemente do IMC quando há aumento de circunferência abdominal e/ou da relação cintura/altura associado a complicações relacionadas à adiposidade. 

 

Os objetivos terapêuticos abrangem não apenas perda ponderal, mas também remissão de doenças associadas, redução do risco cardiometabólico, melhora da funcionalidade e da qualidade de vida. A diretriz recomenda como alvo clínico relevante uma perda de peso ≥ 10% para a maioria dos pacientes e reforça conceitos como peso máximo atingido na vida e obesidade controlada/reduzida como ferramentas adicionais de avaliação da resposta terapêutica.  Em termos de escolha medicamentosa, recomenda-se priorizar agentes de alta potência (se viável) para perda de peso por possuírem maior impacto na melhora de desfechos clínicos e da qualidade de vida, com possibilidade de combinações terapêuticas em casos de resposta insuficiente. 

 

O documento também define indicações específicas relacionadas a comorbidades da seguinte forma: 

 

  1. Pacientes com IMC de 27 ou mais, sem diabetes e com doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida: semaglutida.  
  1. Pacientes com obesidade com doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida: semaglutida e, como opção, liraglutida ou tirzepatida. 
  1. Pacientes com obesidade e insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada: semaglutida ou tirzepatida 
  1. Pacientes com esteato-hepatite associada à disfunção metabólica: semaglutida. 
  1. Pacientes com obesidade e osteoartrite de joelhos: semaglutida 
  1. Pacientes com obesidade e apneia obstrutiva do sono moderada a grave: tirzepatida.  

 

A diretriz dedica atenção especial às populações vulneráveis, como idosos e indivíduos com risco de sarcopenia, recomendando avaliação sistemática e integração de treinamento de força e adequada ingestão proteica ao tratamento farmacológico. Essa abordagem visa mitigar perdas de massa magra e preservar a funcionalidade durante a perda ponderal. 

 

Por fim, o documento estabelece limites clínicos claros, contraindicado o uso de fármacos sem evidências provenientes de ensaios clínicos de qualidade, bem como o emprego de fórmulas magistrais ou manipuladas contendo substâncias inadequadas e potencialmente nocivas, como diuréticos, hormônios tireoidianos e hCG. Também admite, sob criteriosa avaliação, o uso off-label de fármacos respaldados por evidências robustas. Dessa forma, a diretriz consolida práticas seguras, eficazes e alinhadas ao melhor conhecimento científico disponível na farmacoterapia da obesidade. 

 

Autoria

Foto de Erik Trovão

Erik Trovão

Formado em Medicina pela UFCG •Residência em Clínica Médica pelo HBLSUS/PE •Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo HAM-SUS/PE •Titulo de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela SBEM •Mestre em neurociências pela UFPE •Preceptor da Residência de Endocrinologia do HC/UFPE

anuncio endocrinopapers

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Endocrinologia