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Endocrinologia6 setembro 2025

Manejo de efeitos adversos das terapias incretínicas no tratamento da obesidade

Por Ícaro Sampaio

As terapias com base em agentes incretínicos, como semaglutida e tirzepatida, representam um avanço significativo no tratamento da obesidade, promovendo importante redução de peso e melhora de comorbidades metabólicas. Contudo, essas medicações estão associadas a efeitos adversos que necessitam de manejo adequado para garantir adesão e segurança a longo prazo. 

Este texto resume pontos práticos de uma publicação recente do JAMA, com ênfase em condutas para a prática clínica. 

  1. Efeitos gastrointestinais 

Náusea, diarreia, vômitos, constipação e dispepsia são os eventos adversos mais frequentes. Ocorrem geralmente nas primeiras 48 horas após início da medicação ou escalonamento da dose. A maioria é de intensidade leve a moderada, mas pode levar à descontinuação em até 10% dos casos em estudos clínicos. 

Medidas recomendadas: 

  • Iniciar na menor dose (semaglutida 0,25 mg; tirzepatida 2,5 mg) e realizar escalonamento gradual; 
  • Individualizar a titulação conforme tolerabilidade, priorizando manutenção da dose eficaz em vez de atingir obrigatoriamente a dose máxima; 
  • Orientar refeições fracionadas, mastigação lenta, redução de alimentos ricos em gordura, álcool e bebidas gaseificadas; 
  • Em casos sintomáticos: considerar ondansetrona para náuseas e vômitos, bloqueadores H2 ou inibidores de bomba de prótons para dispepsia, e medidas para constipação (hidratação, fibras, psyllium, laxativos osmóticos ou estimulantes); 
  • Persistência de sintomas pode indicar necessidade de redução da dose, manutenção por período prolongado antes do próximo aumento ou troca de classe. 

 

  1. Perda de peso excessiva e sarcopenia 

Semaglutida e tirzepatida podem promover reduções médias de 15% e 21% do peso, respectivamente. Perda superior a 5% ao mês ou sinais de fragilidade devem ser avaliados. Idosos apresentam maior risco de sarcopenia, associada à perda de massa magra e declínio funcional. 

Orientações práticas: 

  • Monitorar peso, circunferência abdominal, composição corporal (quando disponível), força muscular (teste de sentar-levantar, dinamometria); 
  • Garantir ingestão proteica mínima de 1,3 g/kg/dia; 
  • Prescrever exercícios resistidos pelo menos duas vezes por semana; 
  • Avaliar necessidade de intervenção nutricional especializada ou ajuste da terapia. 

 

  1. Interrupção e retomada do tratamento 

Suspensões podem ocorrer devido a procedimentos com anestesia geral, indisponibilidade do fármaco ou intolerância. Se duas ou mais doses forem omitidas, recomenda-se reinício em dose inferior e escalonamento gradual, visando reduzir risco de eventos gastrointestinais. 

  1. Cuidados com estilo de vida  

A redução do apetite induzida pela medicação pode levar à ingestão calórica insuficiente e deficiência nutricional. Recomenda-se acompanhamento nutricional, priorizando qualidade da dieta, com inclusão de proteínas magras, vegetais, frutas, cereais integrais e gorduras saudáveis. Orientar atividade física aeróbica e resistida para preservação de massa magra e saúde óssea. 

Avaliar periodicamente parâmetros metabólicos e ajustar medicações para diabetes ou hipertensão a cada 3 meses, considerando melhora glicêmica e redução da pressão arterial durante o uso de incretínicos. 

 

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