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Endocrinologia24 maio 2025

Manejo de diabetes e hiperglicemia no hospital: revisão sistemática de diretrizes

Estudo realizou uma revisão de diretrizes sobre o manejo da hiperglicemia em pacientes internados
Por Letícia Japiassú

A hiperglicemia é comum entre pacientes hospitalizados, mas o manejo da hiperglicemia pode variar e trazer potenciais danos tanto pelo excesso quanto pela insuficiência de tratamento. 

Metodologia 

Esse estudo, publicado no Diabetes Care em Abril de 2025, é uma revisão sistemática de diretrizes sobre o manejo da hiperglicemia em pacientes internados com objetivo de obter recomendações sobre monitoramento, alvos e manejo da hiperglicemia em diferentes cenários clínicos e pacientes. Foram excluídos guidelines específicos para crianças, grávidas e emergências como cetoacidose diabética e estado hiperglicêmico hiperosmolar. 

Resultados encontrados e discussão 

Entre 10 diretrizes clínicas analisadas, as recomendações sobre monitoramento da glicose e estratégias de tratamento foram consistentes e houve consenso em quais pacientes requerem monitorização da glicemia, como monitoriza-los e o regime de insulina a ser usado. 

Manejo da Hiperglicemia em Adultos Internados Não- críticos: as 10 diretrizes recomendam monitorizar pacientes internados com DM prévio. A maioria delas recomenda monitorizar aqueles com hiperglicemia (>140mg/dL) à admissão e aqueles pacientes em uso de corticóides.  Houve consenso que o limite máximo deve ser 180mg/dL enquanto o limite mínimo poderia ser 100mg/dL ou 140mg/dL. A frequência da verificação da glicemia variou entre as diretrizes com 5 delas recomendando checar nas refeições outras acrescentando checar e ao deitar. A maioria indicou correção com esquema de insulina basal, prandial e correção. Em pacientes estáveis e com diabetes controlado, pode-se usar medicações orais de uso domiciliar, preferencialmente inibidores de DPP-4. Sendo desencorajado o uso de inibidores de SGLT2 e correção de acordo com a glicemia capilar sem insulina de ação longa. 

Veja mais: ACP 2025: Tratamento da hiperglicemia em pacientes internados

Manejo da Hiperglicemia em outras situações clínicas 

Para pacientes em unidade de terapia intensiva (UTI) a maioria recomendou uso de insulina endovenosa. Com alvo de 180mg/dL naqueles pacientes em perioperatório. Para pacientes em jejum via oral, a recomendação foi de monitorização a cada 4-6h favorecendo o uso de insulina basal em relação a insulinas de curta duração. 

Manejo da Hiperglicemia em pacientes idosos: Há sugestão de regimes mais simplificados e com metas menos rigorosos em pacientes em fase final e vida. Maior consenso para metas de hemoglobina glicada (HbA1c) entre 7,0% e 8,5%.  

Manejo da Hipoglicemia 

Hipoglicemia moderada quando <70mg/dL e grave quando <54mg/dL. O tratamento sugerido é ingestão de carboidratos ou glicose via oral ou glicose intravenosa quando paciente em jejum. Naqueles sem acesso venoso, a opção é glucagon intranasal ou subcutâneo. O tratamento deve ser revisto quando ocorrer hipoglicemia, especialmente para redução de medicamentos como insulina ou sulfoniluréias. 

Leia também: Hipoglicemia no hospital: faz sentido tratar com glicose endovenosa todos os pacientes?

Transição de Cuidado 

A recomendação é de acompanhamento em unidade de atenção primária ou com especialista em diabetes. Deve-se retornar o regime domiciliar prévio na véspera ou no dia da alta. Considerar mudança no regime conforme HbA1c, os controles no hospital e o uso de medicações como corticóides. Orientar sobre uso correto de medicações, monitorização da glicemia, prevenção de hipoglicemia e nutrição. 

Conclusão 

Embora haja consenso sobre o monitoramento da glicose no hospital e o uso de insulina basal-bolus, há discordância quanto às metas de tratamento e ao uso de medicamentos domiciliares, além de pouca orientação sobre como realizar a transição do tratamento na alta hospitalar.  

Autoria

Foto de Letícia Japiassú

Letícia Japiassú

Médica endocrinologista com Residência Médica em Clínica Médica pelo Hospital Municipal Souza Aguiar (2008) e especialização pela Associação Brasileira de Nutrologia (2020). Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2006).

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