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Endocrinologia10 julho 2017

Incidentaloma de hipófise: o que é e o que fazer?

À medida que os métodos diagnósticos por imagem vão evoluindo, as estruturas anatômicas são cada vez mais nitidamente visualizadas.

À medida que os métodos diagnósticos por imagem vão evoluindo, as estruturas anatômicas são cada vez mais nitidamente visualizadas. No entanto, mais frequentes são os achados que não têm relação com o motivo pelo qual o exame foi solicitado. Isto é o que chamamos de incidentaloma, ou seja, achado incidental em um órgão. Na prática clínica, são frequentemente encontrados em rins, tireoide, fígado, adrenais e na hipófise (ou pituitária).

Dados de autópsia ou de estudos de imagem mostram que incidentalomas hipofisários são encontrados em 1,5 a 38% da população estudada. Investigação de cefaleia foi o principal motivo de o incidentaloma ter sido encontrado. Outras situações são: trauma cranioencefálico, acidente vascular cerebral, ataque isquêmico transitório, distúrbios de coluna cervical e síncope.

As causas mais comuns de incidentaloma hipofisário são os adenomas hipofisários, cistos da bolsa de Rathke e craniofaringiomas, sendo todos achados benignos e responsáveis por mais de 90% das lesões encontradas. A grande maioria dos achados é um adenoma pequeno e não-funcionante clinicamente. Microincidentalomas hipofisários são definidos como aqueles menores que 1cm, sendo os macroincidentalomas, maiores que 1cm. A avaliação de campo visual é fundamental, principalmente nos macroincidentalomas que estão próximos do quiasma óptico, pois a compressão do quiasma óptico pode levar especialmente a hemianopsia bitemporal.

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É recomendado que se obtenha uma história detalhada e exame físico do paciente para avaliação tanto hipo quanto hipersecreção de hormônios hipofisários. Os principais hormônios secretados pela adeno-hipófise são: prolactina, hormônio do crescimento (GH), FSH, LH, ACTH e TSH.

Em geral, os adenomas funcionantes secretam um tipo específico de hormônio. Dentre os adenomas funcionantes, o principal hormônio secretado por estes tumores é a prolactina. Desta forma, para todos os pacientes com micro ou macroincidentalomas, é recomendável que a prolactina sérica seja dosada.

Um lembrete importante é que o principal tratamento dos prolactinomas, tanto micro quanto macro, é clínico, sendo os agonistas dopaminérgicos (bromocriptina e cabergolina) a principal terapêutica. Alguns tumores hipofisários também podem ter indicação cirúrgica. Tal indicação depende da avaliação da anatomia do tumor, critérios clínicos (idade, comorbidades etc), tipo de hormônio secretado e de déficits endocrinológicos, neurológicos ou visuais.

Na suspeita de hipopituitarismo (hipofunção da hipófise) ou em casos de macroincidentalomas, recomenda-se rastreamento hormonal inicial mais estendido, com as medições de prolactina, TSH, T4 livre, cortisol às 8h, testosterona (para homens), LH, FSH e IGF-1, para avaliação tanto de hipo quanto hiperfunção da glândula.

Uma vez diagnosticado o incidentaloma hipofisário, sugere-se o encaminhamento a um médico endocrinologista habituado em patologias da hipófise para se definir o tratamento e prosseguir o acompanhamento.

Referências:

  • Freda PU, Beckers AM, Katznelson L, Molitch ME, Montori VM, Post KD, Vance ML; Endocrine Society. Pituitary incidentaloma: an endocrine society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2011 Apr;96(4):894-904.
  • Galland F, Vantyghem MC, Cazabat L, Boulin A, Cotton F, Bonneville JF, Jouanneau E, Vidal-Trécan G, Chanson P. Management of nonfunctioning pituitary incidentaloma. Ann Endocrinol (Paris). 2015;76(3):191-200.
  • Vasilev V, Rostomyan L, Daly AF, Potorac I, Zacharieva S, Bonneville JF, Beckers A. MANAGEMENT OF ENDOCRINE DISEASE: Pituitary ‘incidentaloma’: neuroradiological assessment and differential diagnosis. Eur J Endocrinol. 2016;175(4):R171-84.

Autoria

Foto de Marcos Tadashi K. Toyoshima

Marcos Tadashi K. Toyoshima

Graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (2002). Residência Médica em Clínica Médica no Hospital das Clínicas da FMUSP (2003-2004), com 3º ano adicional em Clínica Médica em 2005. Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia no Hospital das Clínicas da FMUSP (2006-2007). Foi médico preceptor do Departamento de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da FMUSP em 2008. Postdoctoral fellow em Endocrinologia pela Emory University (Atlanta - EUA) em 2010 e 2011. Médico assistente da Unidade de Oncologia Endócrina no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo do Hospital das Clínicas da FMUSP. Médico do Check-up do Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo. Co-fundador do aplicativo InsulinAPP.

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