Incidentaloma de hipófise: o que é e o que fazer?
À medida que os métodos diagnósticos por imagem vão evoluindo, as estruturas anatômicas são cada vez mais nitidamente visualizadas.
À medida que os métodos diagnósticos por imagem vão evoluindo, as estruturas anatômicas são cada vez mais nitidamente visualizadas. No entanto, mais frequentes são os achados que não têm relação com o motivo pelo qual o exame foi solicitado. Isto é o que chamamos de incidentaloma, ou seja, achado incidental em um órgão. Na prática clínica, são frequentemente encontrados em rins, tireoide, fígado, adrenais e na hipófise (ou pituitária).
Dados de autópsia ou de estudos de imagem mostram que incidentalomas hipofisários são encontrados em 1,5 a 38% da população estudada. Investigação de cefaleia foi o principal motivo de o incidentaloma ter sido encontrado. Outras situações são: trauma cranioencefálico, acidente vascular cerebral, ataque isquêmico transitório, distúrbios de coluna cervical e síncope.
As causas mais comuns de incidentaloma hipofisário são os adenomas hipofisários, cistos da bolsa de Rathke e craniofaringiomas, sendo todos achados benignos e responsáveis por mais de 90% das lesões encontradas. A grande maioria dos achados é um adenoma pequeno e não-funcionante clinicamente. Microincidentalomas hipofisários são definidos como aqueles menores que 1cm, sendo os macroincidentalomas, maiores que 1cm. A avaliação de campo visual é fundamental, principalmente nos macroincidentalomas que estão próximos do quiasma óptico, pois a compressão do quiasma óptico pode levar especialmente a hemianopsia bitemporal.
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É recomendado que se obtenha uma história detalhada e exame físico do paciente para avaliação tanto hipo quanto hipersecreção de hormônios hipofisários. Os principais hormônios secretados pela adeno-hipófise são: prolactina, hormônio do crescimento (GH), FSH, LH, ACTH e TSH.
Em geral, os adenomas funcionantes secretam um tipo específico de hormônio. Dentre os adenomas funcionantes, o principal hormônio secretado por estes tumores é a prolactina. Desta forma, para todos os pacientes com micro ou macroincidentalomas, é recomendável que a prolactina sérica seja dosada.
Um lembrete importante é que o principal tratamento dos prolactinomas, tanto micro quanto macro, é clínico, sendo os agonistas dopaminérgicos (bromocriptina e cabergolina) a principal terapêutica. Alguns tumores hipofisários também podem ter indicação cirúrgica. Tal indicação depende da avaliação da anatomia do tumor, critérios clínicos (idade, comorbidades etc), tipo de hormônio secretado e de déficits endocrinológicos, neurológicos ou visuais.
Na suspeita de hipopituitarismo (hipofunção da hipófise) ou em casos de macroincidentalomas, recomenda-se rastreamento hormonal inicial mais estendido, com as medições de prolactina, TSH, T4 livre, cortisol às 8h, testosterona (para homens), LH, FSH e IGF-1, para avaliação tanto de hipo quanto hiperfunção da glândula.
Uma vez diagnosticado o incidentaloma hipofisário, sugere-se o encaminhamento a um médico endocrinologista habituado em patologias da hipófise para se definir o tratamento e prosseguir o acompanhamento.
Referências:
- Freda PU, Beckers AM, Katznelson L, Molitch ME, Montori VM, Post KD, Vance ML; Endocrine Society. Pituitary incidentaloma: an endocrine society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2011 Apr;96(4):894-904.
- Galland F, Vantyghem MC, Cazabat L, Boulin A, Cotton F, Bonneville JF, Jouanneau E, Vidal-Trécan G, Chanson P. Management of nonfunctioning pituitary incidentaloma. Ann Endocrinol (Paris). 2015;76(3):191-200.
- Vasilev V, Rostomyan L, Daly AF, Potorac I, Zacharieva S, Bonneville JF, Beckers A. MANAGEMENT OF ENDOCRINE DISEASE: Pituitary ‘incidentaloma’: neuroradiological assessment and differential diagnosis. Eur J Endocrinol. 2016;175(4):R171-84.
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