A relação entre o risco cardiovascular (RCV) e a terapia hormonal da menopausa (THM) é bastante complexa e a incerteza sobre o tema ainda persiste. Embora os estudos originais da Women’s Health Initiative (WHI) tenham mostrado maior risco cardiovascular entre as usuárias de THM, as análises subsequentes mostraram que esse efeito foi relacionado em grande parte à idade mais avançada no início da THM. Nesse contexto, dois estudos recentes examinaram essa relação entre THM e desfechos cardiovasculares.
Novo estudo
Em mais uma análise secundária dos dados do estudo WHI, os pesquisadores compararam a incidência de eventos cardiovasculares entre pacientes em uso de THM [estrogênio equino conjugado oral (CEE) com ou sem medroxiprogesterona oral (MPA) versus placebo. No geral, a THM não foi associada a maior RCV. No entanto, quando os participantes foram estratificados por idade, iniciar a THM após os 70 anos foi associado a um risco 3,2 vezes maior de evento CV.
Nas últimas duas décadas, opções de THM bioidênticas. que potencialmente oferecem perfis de segurança superiores em comparação com formulações sintéticas mais antigas, foram aprovadas pelas entidades regulatórias. Usando um banco de dados americano, os pesquisadores compararam o risco de eventos cardiovasculares adversos graves (MACE) entre 30.000 usuárias de CEE/MPA oral na pós-menopausa e 7000 usuárias de 17β-estradiol/progesterona micronizada. Durante 5 anos de acompanhamento, as taxas de eventos foram baixas, mas as análises ajustadas mostraram um risco de MACE significativamente menor com 17β-estradiol/progesterona micronizada do que com CEE/MPA (HR, 0,28).
Leia mais: Como fazer a terapia hormonal da menopausa na presença de fatores de risco cardiovascular?
Considerações e mensagem prática
Esses achados reforçam que tanto a idade de início quanto a formulação utilizada são considerações importantes ao prescrever THM. Em pacientes sintomáticas, a indicação de THM é cada vez mais aceitável. O conceito de janela de oportunidade, iniciando precocemente o tratamento e utilizando preferencialmente formulações com estradiol transdérmico/progesterona micronizada são estratégias eficazes para potencializar os benefícios.
Autoria
Luciano de França Albuquerque
Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco • Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro – BA • Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE • Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia • Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa
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