A tirzepatida é um agonista dual dos receptores de GIP (Polipeptídeo Insulinotrópico dependente de Glicose) e GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon) com efeitos na saúde cardiometabólica.
A tirzepatida causa maior redução de peso e melhor controle glicêmico quando comparada a outros agonistas do receptor de GLP-1 (GLP-1 RAs), com efeito na redução da secreção de glucagon e da resistência insulínica.
Metodologia
O objetivo de estudo foi investigar a eficácia da tirzepatida em melhorar os fatores de risco cardiometabólicos, sendo realizada uma meta-análise com estudos clínicos de fase 3 que compararam tirzepatida com placebo ou hipoglicemiantes padrão em indivíduos com diabetes tipo 2 (DM2).
Os desfechos do estudo foram a presença de anormalidades cardiometabólicas, representando componentes da síndrome metabólica (SM) (circunferência abdominal elevada, triglicerídeos, pressão arterial, glicemia de jejum e diminuição do colesterol HDL), bem como índice de massa corporal elevado e SM (3 ou mais anormalidades cardiometabólicas).
Resultados encontrados e discussão
Após um tratamento com duração média de de 41 semanas, a tirzepatida reduziu as chances de todas as anormalidades cardiometabólicas variando de 34% de redução nas chances de diminuição do colesterol HDL a 96% de redução nas chances de índice de massa corporal elevado e 72% de redução nas chances de SM.
A eficácia superior da tirzepatida na resolução da SM foi consistente em todas as subpopulações demográficas e clínicas, com maior eficácia em indivíduos com idade <65 anos do que em indivíduos com 65 anos, e em indivíduos sem versus com uso basal de inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 (SGLT2). Adicionalmente, a tirzepatida mostrou uma associação dose-resposta significativa, com doses mais altas sendo mais eficazes na resolução da SM.
Em pacientes com DM2 que não estão recebendo inibidores de SGLT2, a tirzepatida proporciona maiores benefícios cardiometabólicos, melhorando todos os componentes da SM, com as maiores efeitos na redução do IMC e da circunferência de cintura. Embora seja observada uma relação dose-resposta entre a tirzepatida e seus benefícios cardiometabólicos, a dose semanal de 5 mg de tirzepatida ainda apresentou benefícios.
Conclusão
Esta análise sugere que a tirzepatida pode proporcionar melhora cardiometabólica e resolver a SM em indivíduos com DM2.
Autoria
Letícia Japiassú
Médica endocrinologista com Residência Médica em Clínica Médica pelo Hospital Municipal Souza Aguiar (2008) e especialização pela Associação Brasileira de Nutrologia (2020). Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2006).
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