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Endocrinologia12 outubro 2023

Densitometria óssea na infância e adolescência

Nos últimos anos, tem havido uma preocupação crescente com a saúde óssea de crianças e adolescentes tanto porque um comprometimento da aquisição do pico de massa óssea no final da segunda década de vi…

Por Erik Trovão

Nos últimos anos, tem havido uma preocupação crescente com a saúde óssea de crianças e adolescentes tanto porque um comprometimento da aquisição do pico de massa óssea no final da segunda década de vida poderá impactar negativamente a saúde óssea na vida adulta, aumentando o risco de osteoporose, como porque tem sido documentado um aumento do número de fraturas de fragilidade em crianças. Desta forma, tem-se cada vez mais solicitado densitometria óssea na infância e adolescência.

Afinal, a densitometria óssea é considerada o exame padrão-ouro para avaliação da massa óssea mesmo na faixa etária pediátrica, uma vez que é um método seguro, com baixa exposição à radiação, acessível, não invasivo e custo-efetivo. Portanto, é preciso conhecer as particularidades da avaliação da densitometria óssea na infância.

  1. Medidas consideradas: na faixa etária pediátrica, devemos considerar apenas o resultado do Z-escore, que reflete a comparação da densidade mineral óssea (DMO) com a média da população da mesma idade, sexo e etnia. Nunca se deve utilizar o T-escore.

  1. Sítios avaliados: os sítios recomendados para avaliação densitométrica em crianças e adolescentes para a medição da DMO são diferentes dos utilizados em adultos. Até os 19 anos de idade, dois sítios devem ser utilizados: coluna lombar (vértebras de L1 a L4) e o corpo inteiro sem a cabeça. No entanto, em crianças com menos de 3 anos de idade, recomenda-se apenas o uso de coluna lombar. Há limitação do corpo inteiro nesta faixa etária pela ausência de dados de referência para cálculo do Z-escore e pela dificuldade de posicionamento.

A cabeça deve ser excluída na aquisição do corpo inteiro porque o crânio corresponde a uma parte significativa da massa óssea total, mas não sofre perda considerável na presença de doenças crônicas e nem responde adequadamente às intervenções medicamentosas.

Em relação ao fêmur proximal, sítio clássico do adulto, não devemos utilizá-lo ao realizar densitometria óssea na infância e na adolescência. Entretanto, o International Society for Densitometry (ISCD) considera que o fêmur proximal pode ser utilizado nos pacientes com redução da carga mecânica dos membros inferiores para melhor avaliação da perda de massa óssea nesta região. Para isso, no entanto, é preciso que existam dados de referência para o cálculo do Z-escore.

Um outro sítio alternativo, também recomendado em situações especiais pelo ISCD, é o fêmur distal lateral. Desde que existam dados de referência para cálculo, ele pode ser utilizado em crianças com condições clínicas que levem à imobilização, já que a DMO deste sítio tem uma boa correlação com o aumento do risco de fratura nas extremidades inferiores

  1. Interpretação: Z-escore -2.0 em qualquer um dos sítios avaliados indica o diagnóstico de baixa massa óssea para idade, mas não de osteoporose. Só podemos falar em osteoporose na faixa pediátrica se houver presença de fratura de fragilidade, de forma que a densitometria óssea isoladamente não fornece este diagnóstico. Vale também ressaltar que, segundo o ISCD, o termo “osteopenia” não deve ser utilizado nesta faixa etária.

Dito isso, ainda é preciso ter cuidado na hora de definir osteoporose em crianças e adolescentes, pois nem sempre bastar ter a presença de uma única fratura de fragilidade para o diagnóstico. Segundo o ISCD, os critérios para osteoporose em pacientes pediátricos são os seguintes:

A. Presença de uma ou mais fraturas vertebrais compressivas, na ausência de doença local ou de trauma de alto impacto, independente do resultado da densitometria;

B. Associação de baixa massa óssea para idade (Z-escore -2.0 em coluna lombar e/ou corpo inteiro sem cabeça) e história de fraturas de fragilidade clinicamente significativas. Esta últimas são definidas como: duas ou mais fraturas de ossos longos até os 10 anos; ou três ou mais fraturas em qualquer idade até os 19 anos.

  1. Limitações: a principal limitação da densitometria óssea na infância e adolescente se faz presente nos indivíduos com baixa estatura, uma vez que o aparelho mede a densidade areal do esqueleto e não a volumétrica. Assim, a perda de massa óssea em ossos pequenos pode ser superestimada. A melhor forma de corrigir este problema não é ainda consenso e vários métodos são sugeridos, como: considerar a idade estatural e não a cronológica na hora de realizar o exame; ou calcular a densidade mineral óssea aparente da coluna, através da fórmula CMO da coluna Ap1,5, onde CMO é o conteúdo mineral ósseo e Ap é a área projetada.

Adolescentes com atraso puberal também podem determinar resultados falseados pelo exame devido ao atraso da maturação esquelética. Nestes casos, sugere-se que se considere a idade óssea em substituição à idade cronológica.

Percebe-se, portanto, que a realização de densitometria óssea em crianças e adolescentes precisa ser realizada e interpretada com muito cuidado, precisando da maior atenção para que erros diagnósticos não sejam cometidos.

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