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A forma mais comum e letal de câncer de pâncreas é o adenocarcinoma ductal de pâncreas. Em geral, o prognóstico é bastante ruim, pois os sintomas específicos do câncer ocorrem apenas em estágio avançado. O diagnóstico precoce em geral é realizado em indivíduos assintomáticos.
O câncer de pâncreas é a quarta causa de morte por câncer nos EUA e a quinta na Europa. Devido a sua prevalência relativamente baixa, o rastreamento de indivíduos assintomáticos não é recomendado. Ainda é um desafio para a ciência a detecção precoce do câncer de pâncreas, de forma a melhorar o tratamento e o prognóstico desta doença.
Pessoas mais velhas com diabetes de início recente (um a três anos de diagnóstico) têm cinco a oito vezes mais risco de ter câncer de pâncreas do que a população geral.
Várias evidências indicam que o câncer de pâncreas possa causar diabetes. O adenocarcinoma de pâncreas é uma condição marcadamente diabetogênica, observado tanto em estudos observacionais quanto em estudos experimentais. Alguns autores classificam etiologicamente o diabetes como diabetes mellitus tipo 3c ou diabetes pancreatogênico, pois faz parte do grupo de diabetes causado por doenças exócrinas do pâncreas (exemplo: pancreatite crônica e o câncer de pâncreas). A patogênese do tumor causando o DM ainda é pouco compreendida.
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Tanto no diabetes mellitus tipo 2 (DM2) quanto no DM induzido pelo câncer, há disfunção da célula beta pancreática e resistência periférica à insulina. Entretanto, há uma diferença entre os dois tipos de diabetes. Nos pacientes com DM2, há melhora do controle glicêmico com a perda de peso, porém tal situação não é observada nos pacientes com perda de peso e diabetes induzidos pelo carcinoma de pâncreas. A perda de peso e o diabetes são considerados manifestações paraneoplásicas do adenocarcinoma de pâncreas. Relatos e séries de casos mostraram que pacientes submetidos à ressecção tumoral tiveram a resolução ou melhora do diabetes.
Apesar do rastreamento para câncer de pâncreas não ser recomendado de rotina para a população geral, em um caso de diagnóstico recente de diabetes mellitus, especialmente num paciente mais idoso, o carcinoma de pâncreas deve ser incluído como um diagnóstico diferencial na etiologia no DM.
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Referências:
- Annala R, Basu A, Petersen GM, Chari ST. New-onset Diabetes: A Potential Clue to the Early Diagnosis of Pancreatic Cancer. Lancet Oncol. 2009; 10(1): 88–95.
- Sah RP, Nagpal SJS, Mukhopadhyay D, Chari ST. New insights into pancreatic cancer-induced paraneoplastic diabetes. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2013; 10(7): 423–433.
- Andersen DK, Korc M, Petersen GM, Eibl G, Li D, Rickels MR, Chari ST, Abbruzzese JL. Diabetes, Pancreatogenic Diabetes, and Pancreatic Cancer. Diabetes. 2017;66(5):1103-1110.
Autoria

Marcos Tadashi K. Toyoshima
Graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (2002). Residência Médica em Clínica Médica no Hospital das Clínicas da FMUSP (2003-2004), com 3º ano adicional em Clínica Médica em 2005. Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia no Hospital das Clínicas da FMUSP (2006-2007). Foi médico preceptor do Departamento de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da FMUSP em 2008. Postdoctoral fellow em Endocrinologia pela Emory University (Atlanta - EUA) em 2010 e 2011. Médico assistente da Unidade de Oncologia Endócrina no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo do Hospital das Clínicas da FMUSP. Médico do Check-up do Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo. Co-fundador do aplicativo InsulinAPP.
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